sexta-feira, 3 de julho de 2009

Para quem é acusado de não ter propostas…!

Nos últimos dias, Manuela Ferreira Leite apresentou já um esboço genérico das suas propostas para resolver os problemas endémicos da educação, engrossados e mesmo alguns provocados por este governo: em geral, mais exigência e, em concreto, alteração dos estatutos do aluno e da carreira docente, alteração da avaliação docente e diminuição da carga burocrática dos professores.

Quanto à exigência, ela é, naturalmente, bem-vinda. Mas espera-se que se trate da exigência das estruturas do ME na elaboração de programas e, sobretudo, de exames; da exigência na qualificação e acção profissional de todos os professores (pois tem havido, por diversas razões, um decréscimo geral na qualidade da actividade docente); exigência nos processos de ensino e aprendizagem, designadamente na avaliação, com professores, pais e alunos verdadeiramente empenhados em que a escola faça sentido – que os alunos aprendam o mais e melhor possível, dentro das suas capacidades, motivações e valências diversas.

Quanto às alterações dos estatutos do aluno e da carreira docente, a expectativa é grande, já que, se é fácil repor um estatuto do aluno equilibrado e adequado ao seu fim, menos fácil será alterar eficaz e justamente o estatuto da carreira e a avaliação docente, sem cair em populismos, desta feita, corporativos. Quanto à burocracia, parece fácil: afinal, o bom professor (exigente, antes de mais, consigo mesmo) necessita de tempo para se preparar para os momentos de ensino – precisa de tempo para estudar, ler, reflectir, arquitectar procedimentos didácticos para aqueles alunos e para aquelas temáticas em concreto. Com o actual estado de coisas, em matéria de actos burocráticos frustrantes, desgastantes e ridiculamente inconsequentes, o professor tende a transmutar-se em algo bem perigoso para a sociedade – é já, nalguns casos, uma “coisa”, não um professor, sem brio profissional, sem postura intelectual, sem motivar nem fazer aprender quem quer que seja.
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É preciso mudar. E talvez as mudanças ainda venham a tempo! Quanto a Manuela Ferreira Leite, uma coisa é certa: para quem é acusado de não ter alternativas, não me parece mau para começar a "arrumar a casa" (note-se: uma casa, em alguns aspectos, muito desarrumada)!

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