quarta-feira, 18 de novembro de 2009

De volta ao realismo em educação?

O Diário Económico adianta que a Ministra da Educação, Isabel Alçada, se prepara para "deixar cair" a divisão da carreira docente em professor e professor titular. Politicamente oportuno, já que pretende esvaziar o mais possível as iniciativas parlamentares de suspensão do modelo de avaliação vigente. Parece também ser um acto político de aproximação do PS à negociação com outros partidos, imperioso para o momento que atravessamos, já que poderá ter havido um acordo com o PSD, que propõe, de modo compreensivelmente equilibrado, diga-se, uma "substituição" do actual modelo de avaliação, em vez da pesada "suspensão", muito mais doloroso para o governo de Sócrates e que não deixaria de, sejamos realistas, criar um "buraco" legislativo nada útil para a obtençã dos resultados que se espera -- a pacificação dos professores e o serenar da vida das escolas.
.
É um bom começo para aquilo que se espera ser, efectivamente, uma nova fase no exercício de funções governativas em Portugal, em área tão delicada e sócio-económico-culturalmente tão fulcral para a nossa situação endémica actual, como é a educação. A extinção da divisão da carreira é mesmo o primeiro passo cine qua non a reflexão e negociação do modelo de avaliação não seria possível. E nisto o projecto do PSD revela bom senso e sentido de realismo: abertura aos professores para desempenhar cargos de coordenação/chefia intermédia. (Seria bom que tais cargos, por nomeação do Director, fossem acrescidos de incentivo remuneratório suplementar, enquanto em exercício de tais funções, e que houvesse a possibilidade de o professor em causa ser, naturalmente, substituido em tais funções, pelo Director, sempre que não as cumprisse como seria desejável.)
.
Depois de tanto tempo perdido com experimentalismos arrogantes e teimosia ignóbil, talvez tenha chegado a hora de recomeçar a falar de política educativa em Portugal. Aguarda-se a verdadeiramente importante discussão sobre a qualidade do ensino em Portugal, as estratégias para o futuro e sobre a, em alguns casos, verdadeira revolução que urge fazer ao nível das orientações pedagógicas que atolaram a escola pública e a transformaram, tantas vezes, em local de entretenimento e tutoria dos juvenis, no lugar de espaço e tempo de ensino genuino.

3 comentários:

Unknown disse...

Não me cheira a boa mesa...A comida está ao lume, mas vai sair esturrixada,

Ricardo Montes disse...

Excelente análise, Miguel. Concordo com ela na plenitude. Se não te importares irei fazer uma chamada de atenção para este teu post, lá na minha casa.

Pode ser?

Abraço, meu amigo.

Miguel Portugal disse...

Caro Ricardo, é sempre um prazer partilhar ideias com todos aqueles interessados na resolução dos problemas da educação.
Força!
Abraço, amigo.