O nacionalismo político exige que a comunidade política se organize em torno da comunidade étnica; ou seja, o estado nacional, identificado com uma cultura nacional e comprometido com a sua protecção, é a unidade política natural. Não admite que grandes quantidades de membros da comunidade nacional sejam obrigados a viver fora das fronteiras do estado nacional; não aceita a presença, dentro das fronteiras do estado-nação, de grande número de não-nacionais; repudia veementemente que o grupo dos que governam pertençam a um grupo étnico diferente do da maioria da população.
Ora, o fundo destas ideias enraíza no movimento romântico do séc. XIX. Contrariando o ideal iluminista da existência de verdades objectivas e, portanto, universais, que um esforço da razão faria o homem descobrir, o Romantismo advoga que as verdades são criadas pelo homem. Os valores, portanto, não se descobrem, criam-se. Tal como um artista, ao criar uma obra de arte, recria sempre a própria forma de expressão artística (um escritor português como que reinventa a própria língua portuguesa ao escrever), assim também a vida é criada por aqueles que a vivem, passo a passo. O Romantismo privilegia, pois, uma interpretação estética da moralidade e da vida, ao invés de aplicar modelos ou ideais absolutos segundo a crença iluminista no poder da razão.
Com base neste substrato comum, cresceram tanto o Romantismo como o anarquismo, o nacionalismo, o fascismo, tendo sempre presente o ideal “eu faço os meus valores”. Este “eu” foi interpretado por um certo Romantismo como sendo o próprio indivíduo (o aventureiro, o que desafia a sociedade e os valores instituídos, que prefere dar-se mal ao conformismo). Mas também foi interpretado como algo mais metafísico – uma colectividade: raça, nação, igreja, partido, classe; de qualquer modo, sempre um organismo em que o indivíduo é apenas um pequeno e insignificante fragmento, que retira o seu sentido unicamente do facto de pertencer ao colectivo (“não eu, mas o partido!”, “não eu, mas a igreja!”, “o meu país, bem ou mal, mas o meu país!”). Daí o nacionalismo, por exemplo, alemão: o indivíduo age de determinado modo, não porque se trata da acção correcta ou porque assim o desejou, mas porque é um alemão e essa é a forma alemã de viver!
Negando valores absolutos, esta perspectiva que concebe o indivíduo como um simples peão cegamente fiel a um Super-Eu, trouxe consequências altamente nefastas para a história da Europa, ainda hoje marginalmente actuantes. Criticando, em geral, um certo dogmatismo que atravessa toda a filosofia ocidental desde Platão e, em particular, o universalismo e optimismo racionalista do Iluminismo, as ideologias altamente influenciadas pelo romantismo, como é o caso do nacionalismo político, não evitaram cair, paradoxalmente, noutros tantos dogmatismos atávicos, embora estes, porém, bem mais fortemente conflituosos e perturbadores da paz entre os povos.
É claro que muitos jovens extremistas portugueses (e não só!) não terão certamente consciência desta opção filosófico-valorativa. Outras forças se levantam! Quem quiser encontrar alguma relação entre esta síntese crítica do nacionalismo político, aqui ensaiada, e o P.N.R. talvez não encontre. Mas isso deve-se certamente ao tipo de acção política, completamente ausente de (boa) vontade de verdadeira resolução de problemas, protagonizada por muitos, que se mascaram atrás de um partido político para simplesmente expor a brutalidade do seu xenofobismo, racismo ou tão-só da sua agressividade descontrolada.
Embora tenha crescido ultimamente na Europa, bem se vê por que razões a adesão a esta ideologia extremista do Blut und Bloden (“sangue e terra”) é, felizmente, tão baixa – os valores da liberdade individual, do pluralismo razoável e tolerante, da igualdade de oportunidades, da democracia, em suma, da dignidade humana, vão sendo reconhecidos por todos aqueles que beneficiam de um acesso minimamente esclarecedor à educação e à cultura universal!
Ora, o fundo destas ideias enraíza no movimento romântico do séc. XIX. Contrariando o ideal iluminista da existência de verdades objectivas e, portanto, universais, que um esforço da razão faria o homem descobrir, o Romantismo advoga que as verdades são criadas pelo homem. Os valores, portanto, não se descobrem, criam-se. Tal como um artista, ao criar uma obra de arte, recria sempre a própria forma de expressão artística (um escritor português como que reinventa a própria língua portuguesa ao escrever), assim também a vida é criada por aqueles que a vivem, passo a passo. O Romantismo privilegia, pois, uma interpretação estética da moralidade e da vida, ao invés de aplicar modelos ou ideais absolutos segundo a crença iluminista no poder da razão.
Com base neste substrato comum, cresceram tanto o Romantismo como o anarquismo, o nacionalismo, o fascismo, tendo sempre presente o ideal “eu faço os meus valores”. Este “eu” foi interpretado por um certo Romantismo como sendo o próprio indivíduo (o aventureiro, o que desafia a sociedade e os valores instituídos, que prefere dar-se mal ao conformismo). Mas também foi interpretado como algo mais metafísico – uma colectividade: raça, nação, igreja, partido, classe; de qualquer modo, sempre um organismo em que o indivíduo é apenas um pequeno e insignificante fragmento, que retira o seu sentido unicamente do facto de pertencer ao colectivo (“não eu, mas o partido!”, “não eu, mas a igreja!”, “o meu país, bem ou mal, mas o meu país!”). Daí o nacionalismo, por exemplo, alemão: o indivíduo age de determinado modo, não porque se trata da acção correcta ou porque assim o desejou, mas porque é um alemão e essa é a forma alemã de viver!
Negando valores absolutos, esta perspectiva que concebe o indivíduo como um simples peão cegamente fiel a um Super-Eu, trouxe consequências altamente nefastas para a história da Europa, ainda hoje marginalmente actuantes. Criticando, em geral, um certo dogmatismo que atravessa toda a filosofia ocidental desde Platão e, em particular, o universalismo e optimismo racionalista do Iluminismo, as ideologias altamente influenciadas pelo romantismo, como é o caso do nacionalismo político, não evitaram cair, paradoxalmente, noutros tantos dogmatismos atávicos, embora estes, porém, bem mais fortemente conflituosos e perturbadores da paz entre os povos.
É claro que muitos jovens extremistas portugueses (e não só!) não terão certamente consciência desta opção filosófico-valorativa. Outras forças se levantam! Quem quiser encontrar alguma relação entre esta síntese crítica do nacionalismo político, aqui ensaiada, e o P.N.R. talvez não encontre. Mas isso deve-se certamente ao tipo de acção política, completamente ausente de (boa) vontade de verdadeira resolução de problemas, protagonizada por muitos, que se mascaram atrás de um partido político para simplesmente expor a brutalidade do seu xenofobismo, racismo ou tão-só da sua agressividade descontrolada.
Embora tenha crescido ultimamente na Europa, bem se vê por que razões a adesão a esta ideologia extremista do Blut und Bloden (“sangue e terra”) é, felizmente, tão baixa – os valores da liberdade individual, do pluralismo razoável e tolerante, da igualdade de oportunidades, da democracia, em suma, da dignidade humana, vão sendo reconhecidos por todos aqueles que beneficiam de um acesso minimamente esclarecedor à educação e à cultura universal!
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