Há duas ideias fundamentais a distinguir claramente:
1. Não é difícil aceitar que o governo liderado por José Sócrates está a empreender reformas indispensáveis ao país e, se forem bem conduzidas e implementadas (o que nem sempre está a acontecer!), irão ser indiscutivelmente benéficas para todos. O mais importante é, com efeito, isto: irá o governo acatar democrática e sensatamente as críticas oportunas e óbvias às suas soluções para os grandes projectos e reformas?
2. As dúvidas sobre o favorecimento na obtenção dos graus académicos de Sócrates mantêm-se; apesar da retórica de Sócrates estar no seu melhor, não serviu para dissipar das mentes mais esclarecidas e atentas, as dúvidas sobre as suas virtudes ético-políticas. Sendo menos importante, isto não é, de modo nenhum, desprovido de fulcral importância para a gorvernação e, mais importante, está ligada à primeira ideia!
Da entrevista à RTP1 ressalta a fortaleza que Sócrates quer manter no processo reformador em curso e isso pode ser bom para o país.
Mas a entrevista também revelou a avassaladora capacidade retórica de Sócrates em persuadir, manipular, ludibriar e ultrapassar as questões incómodas sem efectivamente lhes dar respostas razoáveis, compreensíveis e verdadeiramente esclarecedoras. A política consiste em conversar para convencer os outros de que temos as melhores soluções para os problemas comuns. Mas a conversação é apenas um meio, não um fim em si mesmo. Ou seja, há coisas que valem e outras que devem ser repudiadas, mesmo na acção política. Se fizermos política sem atender a princípios éticos, então correremos o risco de a política nos conduzir precisamente a onde ela nos resgatou - a um estado de guerra de todos contra todos (coisa que até o autoritarista Hobbes compreendeu!). Se tudo valer em política, então a guerra ("a política por outros meios", segundo a controversa definição de Clausewitz!) será muito mais frequente, nos seus múltiplos sentidos (não só literalmente!), do que a paz, verdadeira finalidade da política.
1. Não é difícil aceitar que o governo liderado por José Sócrates está a empreender reformas indispensáveis ao país e, se forem bem conduzidas e implementadas (o que nem sempre está a acontecer!), irão ser indiscutivelmente benéficas para todos. O mais importante é, com efeito, isto: irá o governo acatar democrática e sensatamente as críticas oportunas e óbvias às suas soluções para os grandes projectos e reformas?
2. As dúvidas sobre o favorecimento na obtenção dos graus académicos de Sócrates mantêm-se; apesar da retórica de Sócrates estar no seu melhor, não serviu para dissipar das mentes mais esclarecidas e atentas, as dúvidas sobre as suas virtudes ético-políticas. Sendo menos importante, isto não é, de modo nenhum, desprovido de fulcral importância para a gorvernação e, mais importante, está ligada à primeira ideia!
Da entrevista à RTP1 ressalta a fortaleza que Sócrates quer manter no processo reformador em curso e isso pode ser bom para o país.
Mas a entrevista também revelou a avassaladora capacidade retórica de Sócrates em persuadir, manipular, ludibriar e ultrapassar as questões incómodas sem efectivamente lhes dar respostas razoáveis, compreensíveis e verdadeiramente esclarecedoras. A política consiste em conversar para convencer os outros de que temos as melhores soluções para os problemas comuns. Mas a conversação é apenas um meio, não um fim em si mesmo. Ou seja, há coisas que valem e outras que devem ser repudiadas, mesmo na acção política. Se fizermos política sem atender a princípios éticos, então correremos o risco de a política nos conduzir precisamente a onde ela nos resgatou - a um estado de guerra de todos contra todos (coisa que até o autoritarista Hobbes compreendeu!). Se tudo valer em política, então a guerra ("a política por outros meios", segundo a controversa definição de Clausewitz!) será muito mais frequente, nos seus múltiplos sentidos (não só literalmente!), do que a paz, verdadeira finalidade da política.
Ora, é precisamente esta postura de quem julga saber tudo e, por ter sido eleito pela maioria, julga ser o único a saber e a poder tudo fazer para impor o seu suposto saber, que minará doravante a actuação política de Sócrates e a confiança política dos portugueses.
O problema da nossa actual democracia é, desafortunadamente, ainda bem ilustrado por uma das muitas felizes analogias de W. Churchill: a política é como a guerra, em ambas se morre; a diferença é que na guerra só se morre uma vez, mas em política pode morrer-se várias vezes!
O problema da nossa actual democracia é, desafortunadamente, ainda bem ilustrado por uma das muitas felizes analogias de W. Churchill: a política é como a guerra, em ambas se morre; a diferença é que na guerra só se morre uma vez, mas em política pode morrer-se várias vezes!
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