Quando se defende que em política não se devem fazer julgamentos de carácter e mesmo, a um nível mais aprofundado, que ética e política são duas esferas distintas e inconciliáveis da acção humana, eis que a douta ignorância socrática surge no teatro de sombras mediático a defender, tal como o seu homónimo grego -- ironia (não socrática, mas) do destino, considerado o pai da ética! --, um pouco mais de ética na política: necessitamos de «uma democracia com mais superioridade, elevação e decência»!
A superioridade, elevação e decência -- valores bem vindos à praça pública, que dela estão efectivamente arredados -- conseguem-se se compaginados com a transparência, a lisura, o sentido de justiça (e um pouco de boa fé, também não ficava mal!) nos actos protagonizados por muitos daqueles que estão ou querem estar no poder político -- função tanto mais nobre quanto mais arreigada em valores humanos de verdadeiro serviço à comunidade, e não a meros interesses pessoais ou sectoriais, função essa que justamente existe para melhorar a vida de todos os seres humanos no mundo!
Tal superioridade, elevação e decência conseguir-se-ão quando os detentores do poder (e os seus candidatos) -- desde o poder local ao central --tiverem a coragem de deixar a pequenez das estratégias menos lisas, justas ou transparentes (tráfico de influências, favorecimentos, compadrios...) e começarem a fazer realmente política, sem subterfúgios ético-politicamente injustificáveis. Fazer realmente política consiste tão-só na difícil mas nobre tarefa de defender ideias acerca da melhor maneira de servir o bem comum!
Então sim, mais ninguém se preocupará tanto com o carácter dos políticos ou com a eticidade das suas acções, centrando-se o juízo político no seu devido alvo -- as ideias e a sua concretização. Entretanto, quem "não olha a meios para atingir fins" deve ser -- com toda a legitimidade e, aliás, numa natural atitude de cidadania esclarecida -- julgado politicamente!
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