A ex-Ministra da Educação foi acusada pelo DIAP de Lisboa do crime de prevaricação, por ter contratado ilicitamente João Pedroso – investigador universitário e irmão do ex-dirigente do PS, Paulo Pedroso – para consultor jurídico do Ministério da educação, entre 2005 e 2007:
«A acusação salienta que os contratos foram feitos com violação das regras do regime da contratação pública para aquisição de bens e serviços. «Tais adjudicações, de acordo com os indícios, não tinham fundamento, traduzindo-se num meio ilícito de beneficiar patrimonialmente o arguido João Pedroso com prejuízo para o erário público, do que os arguidos estavam cientes» -- afirma, em comunicado, a Procuradoria-geral-distrital de Lisboa.»
Que chatice! Afinal, pessoa tão qualificada e de estatura moral elevada também foi enredada na teia dos favores que o estado socialista foi prestando aos seus apoiantes, que se serviram do país para enriquecer, já que pouco ou nenhum serviço de qualidade acabaram por proporcionar em troca. A comprovar-se, é vergonhoso!
No melhor pano também cai a nódia, principalmente quando não parece haver uma preocução especial por se não macular!
segunda-feira, 20 de junho de 2011
sexta-feira, 17 de junho de 2011
Novo governo
Já é conhecida a constituição do XIX Governo Constitucional. A minha primeira reacção vai para uma surpresa, que me deixa francamente muito expectante e até com um certo entusiasmo -- Nuno Crato é o novo Ministro da Educação!
Nuno Crato tem um pensamento claro acerca da educação, no sentido de valorizar o esforço e o rigor de todos para uma aprendizagem real, verdadeira de todos e tem sido um crítico activo, nos últimos anos, das políticas educativas socialistas, que têm deprimido a educação e o ensino em Portugal, com o facilitismo desumanizante que introduziram.
Além de alguém com pensamento fundamentado sobre educação e ensino, é alguém com experiência, justamente, de ensino (embora, apenas a nível do ensino superior), não só em Portugal como nos E.U.A., o que lhe poderá servir de mais valia para o seu trabalho de reorganizar o ensino em Portugal.
Depois, a sua distância face aos partidos, a sua independência partidária, pode promover um distanciamento saudável e necessário face a grupos de pressão, tornando mais eficaz as reformas que são imprescindíveis.
Esperamos que tenha o savoir-faire estritamente político para explicar as medidas e persuadir os principais agentes -- professores e pais -- da sua necessidade e justeza.
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Fotografias
quinta-feira, 9 de junho de 2011
Inginheiro-pseudogestor persuasivo, precisa-se!
Engenheiro deformação (peço desculpa, esqueci-me do espaço!), exímio gestor de dinheiros públicos (também só vai "representar" dinheiros privados!), não há dúvidas de que José Sócrates poderia ser um excelente representante de grandes empresas brasileiras em ascensão no mundo junto de Portugal e da EU!
Claro que o interesse reside nos conhecimentos diplomáticos que Sócrates acumulou nos últimos 6 anos e também no pressuposto de que os negócios serão melhores se estiverem perto da política, o que é uma perversidade que ainda move os grandes interesses económicos e faz babar (e enriquecer) os políticos.
Afinal, Sócrates vai mesmo tratar da sua vida. Não há motivo para preocupações.
segunda-feira, 6 de junho de 2011
A noite eleitoral
O PSD teve uma clara vitória, apesar de ter ficado aquém da maioria absoluta. Afinal, Passos Coelho sempre conseguiu fazer o (primeiro) favor ao país de, para já, ter destronado José Sócrates do poder. Parece ter galvanizado as pessoas e parece ter um espírito combativo, as qualidades para travar o combate de vencer as adversidades em que estamos mergulhados e espera-se agora que detenha também a tão necessária mestria de escolher os melhores, para formar o próximo governo.
O PS, honrosamente ou não, perdeu. Fica a demissão de Sócrates de Secretário-Geral do partido, num discurso desadequadamente longo -- narcísico --, soberbo de emoções quanto baste e, proclamado como que por um guru religioso, apoteótico (imagine-se se tivesse ganho!), a alimentar o transe hipnótico dos acólitos até ao último estertor. (Estes, embriagados pelo discurso do líder espiritual, até apuparam os jornalistas quando estes exerciam o seu livre múnus de perguntar -- a hipnose não os deixou recordarem-se de um dos tão caros valores socialistas: a liberdade de expressão e de imprensa!) Fica também o insólito: um dos candidatos a suceder a Sócrates, ainda teve tempo para descer do elevador do Altis e "anunciar", sobre o cadáver fumegante do Secretário-Geral demissionário do seu partido, a sua própria candidatura!
O PP de Portas, apesar da excessiva vaidade que o vem caracterizando, conseguiu, não ser eleito Primeiro-Ministro, mas um bastante bom resultado, a proporcionar uma confortável maioria com o PSD. De bicos de pés, lá foi espreitando com força para dentro do próximo governo. Mas a relação de forças não é significativamente diferente da última coligação. Há que ir com calma e responsabilidade.
A esquerda foi a grande derrotada da noite. Afinal, os "partidos da troika" foram alvo das preferências de 80% dos eleitores, o que prova que apenas uma franja cada vez mais pequena do eleitorado embarca ainda no julgamento sumário e niilista do liberalismo com preocupações sociais, que parece alicerçar, apesar de mais uma crise, o seu trilho no caminho da história. Apesar da CDU ter tido um resultado bom (mais um deputado), Louça terá que lançar um debate de ruptura numa força política a perder a força e em perigo de implusão.
sexta-feira, 20 de maio de 2011
"Não gostei do que disse"
José Sócrates esteve presente numa conferência ("Governar Portugal") e até respondeu a perguntas de empresários. Um deles, aproveitou para tecer críticas à sua governação e estilo de fazer política, afirmando mesmo sobre Sócrates: "os seus actos não reflectem as suas palavras" (seguida de apláusos por grande parte da plateia).
Sócrates não gostou: "Não gostei do que disse. Eu faço o meu melhor para que os minhas palavras respondam sempre aos meus actos". Mas o "animal político" não se ficou por aqui e não perdeu oportunidade de vincar o seu estilo: "não lhe reconheço nenhuma autoridade moral para me dizer que as suas palavras correspondem melhor aos seus actos do que as minhas".
José Sócrates, eleito democraticamente PM, não reconhece autoridade moral a um cidadão de um país democrático, cuja constituição, que Sócrates jurou cumprir, prevê uma ampla liberdade política e de expressão. A contradição é clara. E o estilo de Sócrates também: anti-democrático!
quinta-feira, 19 de maio de 2011
Dar a pensar...
[Sobre verdade, objectividade e subjectividade]
[2]
«No que respeita a questões simples como a inclinação das ruas, ninguém considera que o Ega e o Pedro discordam. É obvio que a discordância é meramente aparente. Mas quando o Ega afirma que Bach é melhor que Pérotin e o Pedro o nega veementemente, o que dizer? É nestes casos que é tentador dizer que é meramente uma questão de gosto pessoal, e que gostos não se discutem. Mas, se virmos bem, passamos a vida a discutir precisamente os gostos – nas críticas literárias, nas histórias da arte, e mesmo entre amigos. Se levássemos a sério a ideia de que os gostos não se discutem, não o faríamos.
Pense-se como seria estranho o Eusebiozinho afirmar que os traços que acabou de fazer numa parede eram bem melhores, como arte, do que as melhores obras de Amadeo Modigliani. Quando o Ega começasse a pôr isso em causa, o Eusebiozinho acabaria a discussão dizendo que os gostos não se discutem. O que diríamos disto? Diríamos que o Eusebiozinho quer apenas manter a ilusão de que é um artista superlativo, quando não o é de facto. Mas se os gostos são apenas uma questão subjectiva, ele tem razão: é um artista superlativo para ele, mesmo que o não seja para os outros. E acabou a conversa.
Geralmente, não consideramos que acabou a conversa porque consideramos que podemos errar ao fazer juízos estéticos, políticos e outros. Mas se levássemos sério a ideia de que tais juízos são subjectivos, não conseguiríamos errar. Pense-se na tolice que seria alguém dizer “Ele gosta muito da salada de alface, mas está enganado”. Nos casos em que realmente estamos perante gostos subjectivos, não podemos estar enganados. Nos casos em que podemos estar enganados, não pode tratar-se de simples gostos subjectivos. Tem de ser algo mais.
Consideramos que uma obra de arte é boa quando cremos que tem propriedades que fazem um ser humano, com aproximadamente as mesmas capacidades cognitivas e sensoriais que nós temos, valorizá-la. Inversamente, quando vários seres humanos, nomeadamente os mais bem informados, consideram uma obra boa, é estranho que alguém discorde disso; se isso acontecer, consideramos que essa pessoa não viu bem ou não compreendeu correctamente aspectos importantes da obra. Não dizemos apenas que é uma questão de gosto. O consenso dos mais bem informados seres humanos da área é indício de que essa pessoa isolada está enganada.
Desidério Murcho, A Filosofia em Directo (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011) 92-4.
quarta-feira, 18 de maio de 2011
"Tendência para o 'fast-food' educativo"
As palavras são de Manuel Maria Carrilho referentes a José Sócrates, acerca da sua concepção de educação, que subjaz, nomeadamente, a uma certa forma de utilizar o programa Novas Oportunidades para criar a ideia artificial e enganosa de qualificação e instrução, que tem é que ser rápida e indolor. A questão não é, naturalmente, impedir o reacesso de adultos à escolarização, à instrução e qualificação, o que seria absurdo; a questão é que Sócrates tem passado a ideia nefasta de que aprender, saber é algo demasiado fácil e rápido. Nada mais afastado da realidade: aprender nem sempre é fácil e quanto maior for a rapidez, tanto mais baixa será a qualidade.
Quando é um socialista a afirmar esta ideia, crítica, mas muito simples e intuitiva, o argumento de Sócrates segundo o qual Passos Coelho ofende pessoas quando critica estas Novas Oportunidades cai completamente por terra -- afinal, há ideias importantíssimas para o país em discussão; é pena que a Sócrates não lhe interesse discuti-las!
Novas oportunidades para entrar em Medicina!
Afinal, qualquer pessoa com o mínimo de bom senso (sim, pois, é coisa que não abunda, eu sei...), concordará que alguma coisa está errado com estas Novas Oportunidades; porque, no mínimo, parece ser um processo que cria várias injustiças; no máximo, é mais um contributo para a degradação do ensino e disseminação da cultura em Portugal. Mas isto são radicalismos ideológicos, sectarismos de classe ou, mais subtilmente, pessimismos incómodos! São, são!
terça-feira, 17 de maio de 2011
Dar a pensar...
[Sobre verdade, objectividade e subjectividade]
[1]
Desidério Murcho, A Filosofia em Directo (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011) 91-2.
[1]
«A ideia comum é que áreas científicas como a física ou a engenharia são objectivas, ao passo que áreas como as artes ou a política são subjectivas. Supostamente, no primeiro caso, haveria uma representação da realidade tal como ela é – espelhar-se-ia a realidade –, ao passo que no segundo caso seria apenas uma questão de opinião pessoal, precisamente por ser impossível espelhar qualquer realidade.
O primeiro aspecto a sublinhar é que a ideia de que algumas das nossas convicções são subjectivas tem de pressupor a objectividade para não ser incoerente. Pois a ideia é que as opiniões estéticas do Ega, por exemplo, são subjectivas – mas, sob pena de incoerência, não pode ser subjectiva a nossa opinião de que ele tem as opiniões que tem. Que o Ega tem as opiniões que tem é uma verdade tão objectiva como as verdades da física sobre os átomos. (…)
O segundo aspecto a sublinhar, e este é crucial, é que uma verdade pode ser relacional sem ser subjectiva em qualquer acepção suficientemente densa para a distinguir de verdades objectivas. Imagine-se que o Ega está numa ponta da Rua do Carmo e o Pedro na outra. Do ponto de vista do Ega, a rua é a descer; do ponto de vista do Pedro, a rua é a subir. Mas é uma mesma realidade que está na origem dos dois juízos, e os dois juízos são perfeitamente compatíveis. Apenas temos de compreender que quando o Ega diz que a rua é a descer quer dizer que do seu ponto de vista é a descer; do ponto de vista do Pedro é a subir. E se trocassem de posição, a rua seria a subir para o Ega e a descer para o Pedro.
Nada disto tem que ver com a relatividade da rua em si; a sua inclinação não é relativa: é perfeitamente objectivo que quando se está numa ponta, a rua é a descer desse ponto de vista, e quando se está na outra é a subir. Caso o Ega, colocando-se do ponto de vista do Pedro, afirmasse que a rua é a descer, diria objectivamente uma falsidade.»
Desidério Murcho, A Filosofia em Directo (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011) 91-2.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Fotografias
“Mar e céu #1” (Playa Bávaro, Punta Cana, Abril 2011) © Miguel Portugal |
“Mar e céu #2” (Playa Bávaro, Cabeza de Toro, Punta Cana, Abril 2011) © Miguel Portugal |
“Mar e céu #3” (Mar das caraíbas, ao largo da Isla Saona, República Dominicana, Abril 2011) © Miguel Portugal |
“Mar e céu #4” (Piscnas naturais, mar das caraíbas, ao largo da Isla Saona, República Dominicana, Abril 2011) © Miguel Portugal |
“Mar e céu #5” (Playa Bávaro, Punta Cana, Abril 2011) © Miguel Portugal |
quinta-feira, 12 de maio de 2011
A estratégia do papão
Tal como era preciso ter cuidado com os comunistas, porque "comem criancinhas ao pequeno almoço", assim também há que fugir do PSD, porque "é um partido ultra-liberal". Este é o argumento central da estratégia do PS de Sócrates para tentar evitar a vitória da "direita" nas próximas eleições. A metáfora que pretendia afastar os eleitores dos comunistas, terá funcionado, em tempos, devido às baixas qualificações dos eleitores e ao medo que os fazia sentir. O mesmo se pretende com este conceito de "ultra-liberal": como o povo não sabe o suficiente de economia e menos ainda de teoria política, parece fácil para Sócrates e acólitos enganar: afinal, ninguém sabe muito bem o que é isso de ser liberal, mas a receita é passada como se de um papão se tratasse; imagine-se ser ULTRA-liberal -- a coisa deve ser bem mais medonha!
O que sustenta este argumento do PS são, basicamente duas falácias (argumentos inválidos, que parecem válidos e, por isso, são enganadores, manipuladores): um apelo ao medo (não faças isso, que é perigoso!) e um jogo de palavras indefinidas e, de qualquer modo, de que o auditório não domína o conceito (atira-se com um termo estranho, que as pessoas não sabem o significado, e quer-se fazer crer que é algo nefasto, ficando assim o auditório sem armas para se defender, pois, não sabendo o que significa ser liberal nem ultra-liberal, não pode formar uma opinião crítica).
Já alguém se questionou o que é isso de ser liberal (o prefixo "ultra" é apenas uma hipérbole, politicamente inconsequente)? Será mesmo "mau"? Quanto a "maldade", já se vê, o Liberalismo terá tanto como o terá o Socialismo e o Conservadorismo -- não é uma categoria que se aplique a sistemas de ideias políticas! Afinal, são sempre as ideias que importa discutir.
sexta-feira, 6 de maio de 2011
Fotografias
quinta-feira, 5 de maio de 2011
Ponto de situação
A contrapartida do resgate do FMI, BCE e UE a Portugal é uma demonstração de que a política do governo PS não estava certa e, pior, nos conduziu para o abismo. A maioria das medidas que terão agora de se implementadas não estavam previstas no PEC IV e vão, portanto, para além dele – afinal, como muitos há muito vêm dizendo, era preciso reduzir drasticamente na despesa do estado. O PSD disse “basta”, porque acreditava que já tardava o fim das ilusões em que nos mergulhou o PS. Muitas medidas contidas no memorando de entendimento entre o FMI e o governo português e principais partidos tinham já sido anunciadas como inevitáveis pelo PSD.
Mas o sr. Eng.º Sócrates (bem secundado pelos seus mais queridos acólitos), no seu bom estilo retórico de ponta, veio dizer ao país aquilo que não estava no acordo de resgate. Que maravilha! Supostamente “nada” daquilo que os mauzões do PSD prognosticavam ia acontecer. Mas repare-se, a título de exemplo, como uma boa dose de inteligência, alguns conhecimentos de teoria da argumentação e de história do pensamento ocidental sobejam para desmontar o famoso discurso de José Sócrates: não haverá privatização da CGD, mas haverá necessariamente privatização de parte dela e de outras empresas públicas, quanto mais não seja para tornar o estado “mais pequeno”; o PS teria “salvo” o serviço nacional de saúde, que continuará (nesta parte, Sócrates até se engasgou!) a ser tendencialmente gratuito, mas o que é inevitável é, como o PSD já tinha proposto, que os que têm mais rendimentos paguem mais, subindo as taxas moderadoras; não se perde o 13º e 14º meses, mas aumentam-se, necessariamente, os impostos. E depois, outra coisa para a qual era necessário vir alguém de fora fazer(!) – a diminuição de cargos dirigentes da administração central, a extinção, fusão, remodelação de institutos públicos e fundações e, espero, a reestruturação e redimensionamento das freguesias.
Quem vai encabeçar a execução deste “recomeço”?
Por um lado, temos um PM em gestão da sua própria imagem e sobrevivência, do seu poder e influência, agarrado à dependência da retórica manipuladora, com um único intuito – protelar o mais possível o seu fim, enganando os eleitores. Do outro, um líder partidário ocupado na constituição de um futuro governo, politicamente forte e tecnicamente competente, e com ideias, há já algum tempo, coincidentes com aquelas que agora se perfilam como necessárias para salvar o país da bancarrota.
A escolha parece fácil.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
Fotografias
I got you! I await for you...
Os EUA terão morto Bin Laden. O líder fundamentalista, autor moral do atentado terrorista de infeliz proeminência na história, terá sido alvejado, esta madrugada, nas montanhas do Paquistão, com um tiro na cabeça. Exorcismo para o povo americano e até para uma boa parte do mundo ocidental, é também um reatear de um rastilho adormecido. Os EUA preparam-se já para uma eventual retaliação da ainda viva(?) Al-Qaeda. O fervor da guerra do terror reacende-se.
domingo, 10 de abril de 2011
Houve um congresso do PS? Que festa!
O chamado “Congresso” do PS – um partido pluralista, como gostam de o apelidar! – não parecia, de todo, um congresso. Foi mais uma festa. O unanimismo era tal, que de congresso do PS não teve praticamente nada. Um líder de saída, mas aclamado em sinal de que agora “estamos contigo, Zé!”, embora seja mais: “óh Zé!”, não nos queremos enterrar contigo! E, depois, não se percebe muito bem como não se tenha falado da situação grave do país, das negociações com Bruxelas e com o FMI, do futuro próximo de austeridade… Foi um "congresso" de um partido apostado em ludibriar até ao estertor final de Sócrates. Um congresso ficcional, num país ficcionado!
Salvo talvez as excepções de Jaime Gama, que lembrou a responsabilidade de um partido que, apesar de estar em campanha, também ainda é governo num altura extremamente complexa, e de Ana Gomes (para quem «a rosa não cheira bem»), que apresentou as principais críticas a esse mesmo governo, que poderiam ter sido assinadas por qualquer outro político minimamente atento ao interesse público, o que aconteceu este fim-de-semana mais parecia, como alguém disse, uma missa da IURD! E com um momento alto, de rasgado recorte místico – António Vitorino em êxtase, “Óh Zé! Óh Zé! Óh Zé!”
É, pois, com naturalidade que o Ministro das Finanças do governo PS afirme que o pacote de austeridade deve ser negociado com os partidos da oposição (!) e que um comissário europeu tenha que mandar calar esta gente! Este é o partido, agora ainda aturdido aos pés de Sócrates, que pretende fazer passar a mensagem do bom samaritano, único guardião nacional face ao suposto ataque dos bárbaros e, mais importante, fonte inesgotável de ideias (todas verdades absolutas, claro) para uma fase decisiva para o país, agora que terá mesmo que findar o limbo de embustes e retórica manipuladora.
Não é de estranhar que, ao olhar para Portugal, os leitores de “Astérix” por essa Europa e mundo civilizado fora soltem um estarrecido “estes portugueses são loucos!!” Mas ao contrário da lendária aldeia gaulesa, que resistiu heroicamente ao invasor romano, este cantinho da Europa ficará para a história como um magote de crianças, que, às turras, escarneciam do seu povo, enquanto deixavam os financiadores à espera!
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Política de teleponto

Como profere o seu homónimo grego no texto platónico, a retórica apenas manipula um auditório ignorante, que não sabe o suficiente para julgar criticamente – «a retórica não tem necessidade de conhecer a realidade das coisas, basta-lhe uma certa técnica de persuasão que ela inventou para parecer, perante os ignorantes, mais sábia do que os sábios» (Platão, Górgias 459c).
O “nosso” Sócrates e assessores sabem-no bem! «Não é uma maravilhosa facilidade, Sócrates, sem qualquer estudo das outras artes, graças unicamente a esta, poder estar à altura de todos os especialistas?» (Idem.)
E Sócrates pode, como sempre pôde, brincar com as pessoas, jogar com o presente e o futuro de todos os portugueses, em troca de uma vida faustosa como político (e não só), para si e para os seus, mais directos ou indirectos colaboradores.
Mas isso não tem importância – ainda há 33% que gostam que brinquem com eles, que os manipulem, que os enganem… que os iludam – qual «ópio do povo». Marx defendia que, para o povo, o “ópio” mais atordoante era a religião; hoje, o “ópio” é a ilusão de uma vida cómoda, consumista e fácil! E quem melhor parece poder dar-nos tal paraíso nublado?!
segunda-feira, 4 de abril de 2011
O teclado e a caneta
Eis um debate interessante e actualíssimo, com a proliferação avassaladora das TIC na vida quotidiana do ser humano: será que ainda tem algum valor pedagógico continuar a ensinar caligrafia? Se escrevemos cada vez mais num teclado de computador e de forma mais rápida e comunicacionalmente mais eficaz, fará algum sentido continuar a ensinar as crianças a desenhar adequadamente as letras para que as suas palavras possam vir a ser eficazmente lidas por outros? Desenvolverá, ainda assim, outras competências indispensáveis, que o salvífico computador não desenvolve? E a importância e valor da estética? Discute-se nos EUA. (Via Profblog)
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Boas razões para esperar um bom modelo
Santana Castilho esclareceu ontem no Público a conturbada e arriscada, mas corajosa, iniciativa parlamentar do PSD, BE, PCP e PEV para suspenderem o actual modelo de avaliação de desempenho docente, bem como clarifica os princípios orienadores da proposta do PSD para o futuro modelo, bem mais consistente e substancialmente bem mais próximo de um bom modelo, sejamos francos, do que o modelo (até me apetecia escrever "rasca") de pseudo-avaliação do PS!
Dar a pensar...
[Sobre a importância (prática) da filosofia política]
2.
«To simplify extravagantly, political views used to come in blocks, pre-packaged. If you were on the left, right, or somewhere in the middle, you knew what you thought about a wide range of issues, and you knew what your opponents thought too. This made life must easier. It was easier for politicians because they didn’t have to grope around trying to work out their precise position on difficult questions – the kind where competing considerations pulled in different directions. They just referred to their block of views, which usually supplied an answer. It was easier for voters because we knew which block politician subscribed to and could judge them by seeing what we thought about them, without getting involved in the messy details. (What we thought about it often depended on our identification with a particular party – usually the one we had inherited from our parents so there wasn’t all that much thinking going on in any case.)
Today we are suspicious to these pre-package blocks. Politicians are keen to leave behind the old dogmas and orthodoxies, to move beyond left and right, to adopt a mix-and-match approach. They have to make it up as they go along. They are willing to look at what works, to borrow good ideas from the other side. The centre-left seeks a “Third Way”. The right goes in for “compassionate conservatism”. This brings the charge of opportunism, of lacking any clear guiding principles. Politicians reply that they are not selling out; rather, they are adapting the traditional values of their party to a new context, which many include a electorate less sympathetic to those values than it used to be. Meanwhile, the parties converge, both rhetorically and in terms of policies, which makes it harder for voters to work out what they stand for. Political philosophy provides the tools that politicians, and the rest of us, require to work out what they – and we – really think about the values and principles that can guide us through these complexities.»
Adam Swift, Political Philosophy. A beginners’ guide for students and politicians (Cambridge: Polity Press, 2006, 2nd ed.) 2-3.
2.
«To simplify extravagantly, political views used to come in blocks, pre-packaged. If you were on the left, right, or somewhere in the middle, you knew what you thought about a wide range of issues, and you knew what your opponents thought too. This made life must easier. It was easier for politicians because they didn’t have to grope around trying to work out their precise position on difficult questions – the kind where competing considerations pulled in different directions. They just referred to their block of views, which usually supplied an answer. It was easier for voters because we knew which block politician subscribed to and could judge them by seeing what we thought about them, without getting involved in the messy details. (What we thought about it often depended on our identification with a particular party – usually the one we had inherited from our parents so there wasn’t all that much thinking going on in any case.)
Today we are suspicious to these pre-package blocks. Politicians are keen to leave behind the old dogmas and orthodoxies, to move beyond left and right, to adopt a mix-and-match approach. They have to make it up as they go along. They are willing to look at what works, to borrow good ideas from the other side. The centre-left seeks a “Third Way”. The right goes in for “compassionate conservatism”. This brings the charge of opportunism, of lacking any clear guiding principles. Politicians reply that they are not selling out; rather, they are adapting the traditional values of their party to a new context, which many include a electorate less sympathetic to those values than it used to be. Meanwhile, the parties converge, both rhetorically and in terms of policies, which makes it harder for voters to work out what they stand for. Political philosophy provides the tools that politicians, and the rest of us, require to work out what they – and we – really think about the values and principles that can guide us through these complexities.»
Adam Swift, Political Philosophy. A beginners’ guide for students and politicians (Cambridge: Polity Press, 2006, 2nd ed.) 2-3.
quinta-feira, 31 de março de 2011
Claro como água
O ex-dirigente socialista e sociólogo António Barreto fez o ponto da situação da actual crise política e financeira do estado português (via Diário Económico):
«um golpe de Sócrates que provocou eleições para tentar continuar no deslize e no agravamento em que estávamos»;
«uma ideia do primeiro-ministro, de provocar uma crise na qual ele possa, eventualmente, passar por vítima»;
acusa ainda José Sócrates de «caluniar» as entidades internacionais «a quem pede ajuda» e de «caluniar os credores» depois de pedir empréstimos;
«esta duplicidade é um péssimo sinal para o exterior»;
se tivessemos pedido ajuda há um ano estaríamos em muito melhor posição para o fazer e para cumprir reformas económicas que teremos que fazer;
«agora estamos em situação praticamente desesperada».
Claro como água. Só mesmo os fundamentalistas (é mais é teimosia!) é que persistirão -- muitos deles, interesseiramente! -- no embuste do teatro de sombras socrático-narcísico, destruidor dos mais elementares e fundamentais valores democráticos da confiança pública, interna e externa, que deve existir pelos dirigentes políticos de um país.
quarta-feira, 30 de março de 2011
Mais uma coligação “negativa”… tão positiva!
O governo decretou o aumento (em muitos casos, em cerca de 500%!) dos limites das adjudicações directas do estado (ministérios, autarquias, institutos públicos), com o argumento de que se trata de uma actualização natural, já que a última actualização já era, nas sapientes palavras do secretário de estado das finanças, do século passado (1999)! Bem vistas as coisas, era mesmo do milénio passado, o que a torna ainda mais obsoleta!
Aumentar, por exemplo, o limite concedido às autarquias de 150.000€ para 900.000€ pode parecer uma medida natural para o mais incauto (parecerá mesmo?). Mas, na realidade, é (como a suspensão da avaliação dos professores?) descaradamente eleitoralista, já que permitiria “convencer” mais eleitores a votar, num país cujas pequenas cidades e vilas do interior vivem numa escancarada promiscuidade simiesca entre política democrática e criação de emprego (ajuda social).
O PSD e os outros partidos da oposição votarão a revogação desse decreto-lei, que entraria em vigor na próxima sexta-feira. Ainda bem que há uma coligação “negativa” na Assembleia da República, que se prepara para chumbar esta iniciativa legislativa brutalmente injusta, de tão irresponsavelmente despesista que é e, portanto, atentatória do interesse nacional.
Como uma coisa que se chama teoricamente “negativa” pode ser tão positiva na prática, para um país atolado numa crise profunda! Por muito que muitos não gostem -- quando não lhes dá geito --, isto também é democracia.
O PSD e os outros partidos da oposição votarão a revogação desse decreto-lei, que entraria em vigor na próxima sexta-feira. Ainda bem que há uma coligação “negativa” na Assembleia da República, que se prepara para chumbar esta iniciativa legislativa brutalmente injusta, de tão irresponsavelmente despesista que é e, portanto, atentatória do interesse nacional.
Como uma coisa que se chama teoricamente “negativa” pode ser tão positiva na prática, para um país atolado numa crise profunda! Por muito que muitos não gostem -- quando não lhes dá geito --, isto também é democracia.
É mandá-los todos embora!
No último Quadratura do Círculo, na SIC Notícias, a propósito da suspensão da avaliação docente, António Costa, indignado com tal medida supostamente eleitoralista, profere uma declaração admirável (do tipo “vale tudo”): “até a minha mulher [que é professora] está toda contente”, por ter sido suspensa a avaliação!
Para além da possibilidade do “rolo da massa em acção”, não se percebe muito bem como é que um putativo candidato a secretário-geral de um partido tão moralmente responsável, como o PS, de um putativo candidato a PM de Portugal, possa ter invocado um argumento falacioso e tão popularucho!
A falácia é simples: trata-se de uma generalização precipitada – pressupõe-se, errada e maliciosamente, que nenhum professor deseja ser avaliado, quando talvez a esmagadora maioria não admite ser avaliado por este modelo, tão ineficaz e, ainda por cima, tão negativamente perturbador de um sector crucial da vida sócio-cultural de qualquer país civilizado.
A demagogia é clara: ardilosamente inventado por José Sócrates, o argumento de que os professores são todos os mandriões, incompetentes e irresponsáveis, tem um forte poder persuasivo e elevado grau de adesão junto de uma população que valoriza pouco o saber e a aprendizagem, dá-se muito mal com o esforço e o empenho para aprender e, de forma ressentida, abomina, justamente, ser avaliado (quem gosta de professores, que nos dizem que ainda não fizemos bem e que devemos fazer mais isto e aquilo para realmente virmos a saber?)!
Com professores destes (como a mulher de António Costa?!) a solução é mesmo mandá-los embora, despedi-los – com justa causa, pois então, já que não querem fazer nada! – e colocar nas escolas portuguesas esta nova geração de licenciados ao Domingo, das Novas Oportunidades, em suma, de quem está cada vez mais habituado à ilusão do mundo virtual pseudo-socialista!
segunda-feira, 28 de março de 2011
Destes é que o povo (socialista) gosta!

Isto é que é bom de ouvir: adiar ainda mais o esforço e continuar a viver na ilusão do pântano. Não se compreende é como se pode continuar a aumentar ainda mais a despesa pública em Portugal. Krugman não diz.
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