quinta-feira, 10 de abril de 2008



Fotografias...



“Susto”
(Mirandela, Janeiro de 2008)
© Miguel Portugal

1 comentário:

Anónimo disse...

Sim, é uma bela fotografia. Há sítios assim, onde habita uma fragância de medo de alguém que já lá não está. Arbus teria um olfacto privilegiado para essas circunstâncias, e talvez não seja desacabido considerarmos, ainda que as fotografias nunca tenham vindo a lume, a possibilidade de ela ter registado o seu suicídio na mesma câmara onde acaba por se isolar e dissolver. Eu tenho sítios que me chamam sem eu saber porquê. Ultimamente tem-me acontecido isso com Massamá: uma localidade terrivelmente sombria, cinza e cimentada, que persiste no meu pensamento como um chamamento encantatório. E depois? Depois persiste o mesmo de sempre: o medo, o erotismo do mal em toda a sua arrebatadora subtileza... a paralisia do medo é equivalente a uma pausa antes do clímax - depois acontece algo surpreendente, mas não tão surpreendente assim... Pergunto-me o que leva as pessoas a sentirem-se à vontade frente ao mundo... Eu então tenho um pavor tenebroso de vários objectos, de vários locais onde já estive e fiz questão de regressar... Como é que se enfrenta o mundo, senão temendo-o sempre? Talvez eu procure os espaços onde não faz sentido "fazer de conta", e onde a inutilidade de todos os nossos pensamentos, acções e contrições, é magistralmente suportada por esse deus que há-de vir... Porque aproximarmo-nos do medo pode ser também uma forma de nos entretermos... não concorda?