terça-feira, 17 de maio de 2011

Dar a pensar...

[Sobre verdade, objectividade e subjectividade]

[1]

«A ideia comum é que áreas científicas como a física ou a engenharia são objectivas, ao passo que áreas como as artes ou a política são subjectivas. Supostamente, no primeiro caso, haveria uma representação da realidade tal como ela é – espelhar-se-ia a realidade –, ao passo que no segundo caso seria apenas uma questão de opinião pessoal, precisamente por ser impossível espelhar qualquer realidade.

O primeiro aspecto a sublinhar é que a ideia de que algumas das nossas convicções são subjectivas tem de pressupor a objectividade para não ser incoerente. Pois a ideia é que as opiniões estéticas do Ega, por exemplo, são subjectivas – mas, sob pena de incoerência, não pode ser subjectiva a nossa opinião de que ele tem as opiniões que tem. Que o Ega tem as opiniões que tem é uma verdade tão objectiva como as verdades da física sobre os átomos. (…)

O segundo aspecto a sublinhar, e este é crucial, é que uma verdade pode ser relacional sem ser subjectiva em qualquer acepção suficientemente densa para a distinguir de verdades objectivas. Imagine-se que o Ega está numa ponta da Rua do Carmo e o Pedro na outra. Do ponto de vista do Ega, a rua é a descer; do ponto de vista do Pedro, a rua é a subir. Mas é uma mesma realidade que está na origem dos dois juízos, e os dois juízos são perfeitamente compatíveis. Apenas temos de compreender que quando o Ega diz que a rua é a descer quer dizer que do seu ponto de vista é a descer; do ponto de vista do Pedro é a subir. E se trocassem de posição, a rua seria a subir para o Ega e a descer para o Pedro.

Nada disto tem que ver com a relatividade da rua em si; a sua inclinação não é relativa: é perfeitamente objectivo que quando se está numa ponta, a rua é a descer desse ponto de vista, e quando se está na outra é a subir. Caso o Ega, colocando-se do ponto de vista do Pedro, afirmasse que a rua é a descer, diria objectivamente uma falsidade.»

Desidério Murcho, A Filosofia em Directo (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2011) 91-2.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Fotografias

“Mar e céu #1”
(Playa Bávaro, Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal

“Mar e céu #2”
(Playa Bávaro, Cabeza de Toro, Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Mar e céu #3”
(Mar das caraíbas, ao largo da Isla Saona, República Dominicana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Mar e céu #4”
(Piscnas naturais, mar das caraíbas, ao largo da Isla Saona, República Dominicana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Mar e céu #5”
(Playa Bávaro, Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal

quinta-feira, 12 de maio de 2011

A estratégia do papão

Tal como era preciso ter cuidado com os comunistas, porque "comem criancinhas ao pequeno almoço", assim também há que fugir do PSD, porque "é um partido ultra-liberal". Este é o argumento central da estratégia do PS de Sócrates para tentar evitar a vitória da "direita" nas próximas eleições. A metáfora que pretendia afastar os eleitores dos comunistas, terá funcionado, em tempos, devido às baixas qualificações dos eleitores e ao medo que os fazia sentir. O mesmo se pretende com este conceito de "ultra-liberal": como o povo não sabe o suficiente de economia e menos ainda de teoria política, parece fácil para Sócrates e acólitos enganar: afinal, ninguém sabe muito bem o que é isso de ser liberal, mas a receita é passada como se de um papão se tratasse; imagine-se ser ULTRA-liberal -- a coisa deve ser bem mais medonha!

O que sustenta este argumento do PS são, basicamente duas falácias (argumentos inválidos, que parecem válidos e, por isso, são enganadores, manipuladores): um apelo ao medo (não faças isso, que é perigoso!) e um jogo de palavras indefinidas e, de qualquer modo, de que o auditório não domína o conceito (atira-se com um termo estranho, que as pessoas não sabem o significado, e quer-se fazer crer que é algo nefasto, ficando assim o auditório sem armas para se defender, pois, não sabendo o que significa ser liberal nem ultra-liberal, não pode formar uma opinião crítica).

Já alguém se questionou o que é isso de ser liberal (o prefixo "ultra" é apenas uma hipérbole, politicamente inconsequente)? Será mesmo "mau"? Quanto a "maldade", já se vê, o Liberalismo terá tanto como o terá o Socialismo e o Conservadorismo -- não é uma categoria que se aplique a sistemas de ideias políticas! Afinal, são sempre as ideias que importa discutir.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Fotografias

“Raízes #1”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Raízes #2”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal

“Raízes #3”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Ponto de situação

A contrapartida do resgate do FMI, BCE e UE a Portugal é uma demonstração de que a política do governo PS não estava certa e, pior, nos conduziu para o abismo. A maioria das medidas que terão agora de se implementadas não estavam previstas no PEC IV e vão, portanto, para além dele – afinal, como muitos há muito vêm dizendo, era preciso reduzir drasticamente na despesa do estado. O PSD disse “basta”, porque acreditava que já tardava o fim das ilusões em que nos mergulhou o PS. Muitas medidas contidas no memorando de entendimento entre o FMI e o governo português e principais partidos tinham já sido anunciadas como inevitáveis pelo PSD.

Mas o sr. Eng.º Sócrates (bem secundado pelos seus mais queridos acólitos), no seu bom estilo retórico de ponta, veio dizer ao país aquilo que não estava no acordo de resgate. Que maravilha! Supostamente “nada” daquilo que os mauzões do PSD prognosticavam ia acontecer. Mas repare-se, a título de exemplo, como uma boa dose de inteligência, alguns conhecimentos de teoria da argumentação e de história do pensamento ocidental sobejam para desmontar o famoso discurso de José Sócrates: não haverá privatização da CGD, mas haverá necessariamente privatização de parte dela e de outras empresas públicas, quanto mais não seja para tornar o estado “mais pequeno”; o PS teria “salvo” o serviço nacional de saúde, que continuará (nesta parte, Sócrates até se engasgou!) a ser tendencialmente gratuito, mas o que é inevitável é, como o PSD já tinha proposto, que os que têm mais rendimentos paguem mais, subindo as taxas moderadoras; não se perde o 13º e 14º meses, mas aumentam-se, necessariamente, os impostos. E depois, outra coisa para a qual era necessário vir alguém de fora fazer(!) – a diminuição de cargos dirigentes da administração central, a extinção, fusão, remodelação de institutos públicos e fundações e, espero, a reestruturação e redimensionamento das freguesias.

Quem vai encabeçar a execução deste “recomeço”?

Por um lado, temos um PM em gestão da sua própria imagem e sobrevivência, do seu poder e influência, agarrado à dependência da retórica manipuladora, com um único intuito – protelar o mais possível o seu fim, enganando os eleitores. Do outro, um líder partidário ocupado na constituição de um futuro governo, politicamente forte e tecnicamente competente, e com ideias, há já algum tempo, coincidentes com aquelas que agora se perfilam como necessárias para salvar o país da bancarrota.

A escolha parece fácil.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Fotografias

“Palmeiras #1”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Palmeiras #2”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Palmeiras #3”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal
“Palmeiras #4”
(Punta Cana, Abril 2011)
© Miguel Portugal

I got you! I await for you...

Os EUA terão morto Bin Laden. O líder fundamentalista, autor moral do atentado terrorista de infeliz proeminência na história, terá sido alvejado, esta madrugada, nas montanhas do Paquistão, com um tiro na cabeça. Exorcismo para o povo americano e até para uma boa parte do mundo ocidental, é também um reatear de um rastilho adormecido. Os EUA preparam-se já para uma eventual retaliação da ainda viva(?) Al-Qaeda. O fervor da guerra do terror reacende-se. 

domingo, 10 de abril de 2011

Houve um congresso do PS? Que festa!


O chamado “Congresso” do PS – um partido pluralista, como gostam de o apelidar! – não parecia, de todo, um congresso. Foi mais uma festa. O unanimismo era tal, que de congresso do PS não teve praticamente nada. Um líder de saída, mas aclamado em sinal de que agora “estamos contigo, Zé!”, embora seja mais: “óh Zé!”, não nos queremos enterrar contigo! E, depois, não se percebe muito bem como não se tenha falado da situação grave do país, das negociações com Bruxelas e com o FMI, do futuro próximo de austeridade… Foi um "congresso" de um partido apostado em ludibriar até ao estertor final de Sócrates. Um congresso ficcional, num país ficcionado!

Salvo talvez as excepções de Jaime Gama, que lembrou a responsabilidade de um partido que, apesar de estar em campanha, também ainda é governo num altura extremamente complexa, e de Ana Gomes (para quem «a rosa não cheira bem»), que apresentou as principais críticas a esse mesmo governo, que poderiam ter sido assinadas por qualquer outro político minimamente atento ao interesse público, o que aconteceu este fim-de-semana mais parecia, como alguém disse, uma missa da IURD! E com um momento alto, de rasgado recorte místico – António Vitorino em êxtase, “Óh Zé! Óh Zé! Óh Zé!”

É, pois, com naturalidade que o Ministro das Finanças do governo PS afirme que o pacote de austeridade deve ser negociado com os partidos da oposição (!) e que um comissário europeu tenha que mandar calar esta gente! Este é o partido, agora ainda aturdido aos pés de Sócrates, que pretende fazer passar a mensagem do bom samaritano, único guardião nacional face ao suposto ataque dos bárbaros e, mais importante, fonte inesgotável de ideias (todas verdades absolutas, claro) para uma fase decisiva para o país, agora que terá mesmo que findar o limbo de embustes e retórica manipuladora.

Não é de estranhar que, ao olhar para Portugal, os leitores de “Astérix” por essa Europa e mundo civilizado fora soltem um estarrecido “estes portugueses são loucos!!” Mas ao contrário da lendária aldeia gaulesa, que resistiu heroicamente ao invasor romano, este cantinho da Europa ficará para a história como um magote de crianças, que, às turras, escarneciam do seu povo, enquanto deixavam os financiadores à espera!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Política de teleponto

Sócrates é, como sempre foi, o político espectáculo. Usa e abusa das velhas, mas revitalizadas e bem evoluídas técnicas retóricas. Manipula a bel-prazer. Faz o que quer da vida pública portuguesa. Banqueteia(m)-se.


Como profere o seu homónimo grego no texto platónico, a retórica apenas manipula um auditório ignorante, que não sabe o suficiente para julgar criticamente – «a retórica não tem necessidade de conhecer a realidade das coisas, basta-lhe uma certa técnica de persuasão que ela inventou para parecer, perante os ignorantes, mais sábia do que os sábios» (Platão, Górgias 459c).

O “nosso” Sócrates e assessores sabem-no bem! «Não é uma maravilhosa facilidade, Sócrates, sem qualquer estudo das outras artes, graças unicamente a esta, poder estar à altura de todos os especialistas?» (Idem.)

E Sócrates pode, como sempre pôde, brincar com as pessoas, jogar com o presente e o futuro de todos os portugueses, em troca de uma vida faustosa como político (e não só), para si e para os seus, mais directos ou indirectos colaboradores.

Mas isso não tem importância – ainda há 33% que gostam que brinquem com eles, que os manipulem, que os enganem… que os iludam – qual «ópio do povo». Marx defendia que, para o povo, o “ópio” mais atordoante era a religião; hoje, o “ópio” é a ilusão de uma vida cómoda, consumista e fácil! E quem melhor parece poder dar-nos tal paraíso nublado?!

segunda-feira, 4 de abril de 2011

O teclado e a caneta

Eis um debate interessante e actualíssimo, com a proliferação avassaladora das TIC na vida quotidiana do ser humano: será que ainda tem algum valor pedagógico continuar a ensinar caligrafia? Se escrevemos cada vez mais num teclado de computador e de forma mais rápida e comunicacionalmente mais eficaz, fará algum sentido continuar a ensinar as crianças a desenhar adequadamente as letras para que as suas palavras possam vir a ser eficazmente lidas por outros? Desenvolverá, ainda assim, outras competências indispensáveis, que o salvífico computador não desenvolve? E a importância e valor da estética? Discute-se nos EUA. (Via Profblog)

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Boas razões para esperar um bom modelo

Santana Castilho esclareceu ontem no Público a conturbada e arriscada, mas corajosa, iniciativa parlamentar do PSD, BE, PCP e PEV para suspenderem o actual modelo de avaliação de desempenho docente, bem como clarifica os princípios orienadores da proposta do PSD para o futuro modelo, bem mais consistente e substancialmente bem mais próximo de um bom modelo, sejamos francos, do que o modelo (até me apetecia escrever "rasca") de pseudo-avaliação do PS!

Dar a pensar...

[Sobre a importância (prática) da filosofia política]

2.

«To simplify extravagantly, political views used to come in blocks, pre-packaged. If you were on the left, right, or somewhere in the middle, you knew what you thought about a wide range of issues, and you knew what your opponents thought too. This made life must easier. It was easier for politicians because they didn’t have to grope around trying to work out their precise position on difficult questions – the kind where competing considerations pulled in different directions. They just referred to their block of views, which usually supplied an answer. It was easier for voters because we knew which block politician subscribed to and could judge them by seeing what we thought about them, without getting involved in the messy details. (What we thought about it often depended on our identification with a particular party – usually the one we had inherited from our parents so there wasn’t all that much thinking going on in any case.)

Today we are suspicious to these pre-package blocks. Politicians are keen to leave behind the old dogmas and orthodoxies, to move beyond left and right, to adopt a mix-and-match approach. They have to make it up as they go along. They are willing to look at what works, to borrow good ideas from the other side. The centre-left seeks a “Third Way”. The right goes in for “compassionate conservatism”. This brings the charge of opportunism, of lacking any clear guiding principles. Politicians reply that they are not selling out; rather, they are adapting the traditional values of their party to a new context, which many include a electorate less sympathetic to those values than it used to be. Meanwhile, the parties converge, both rhetorically and in terms of policies, which makes it harder for voters to work out what they stand for. Political philosophy provides the tools that politicians, and the rest of us, require to work out what they – and we – really think about the values and principles that can guide us through these complexities.»

Adam Swift, Political Philosophy. A beginners’ guide for students and politicians (Cambridge: Polity Press, 2006, 2nd ed.) 2-3.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Claro como água

O ex-dirigente socialista e sociólogo António Barreto fez o ponto da situação da actual crise política e financeira do estado português (via Diário Económico):

«um golpe de Sócrates que provocou eleições para tentar continuar no deslize e no agravamento em que estávamos»;

«uma ideia do primeiro-ministro, de provocar uma crise na qual ele possa, eventualmente, passar por vítima»;

acusa ainda José Sócrates de «caluniar» as entidades internacionais «a quem pede ajuda» e de «caluniar os credores» depois de pedir empréstimos;

«esta duplicidade é um péssimo sinal para o exterior»;

se tivessemos pedido ajuda há um ano estaríamos em muito melhor posição para o fazer e para cumprir reformas económicas que teremos que fazer;

«agora estamos em situação praticamente desesperada».

Claro como água. Só mesmo os fundamentalistas (é mais é teimosia!) é que persistirão -- muitos deles, interesseiramente! -- no embuste do teatro de sombras socrático-narcísico, destruidor dos mais elementares e fundamentais valores democráticos da confiança pública, interna e externa, que deve existir pelos dirigentes políticos de um país.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Mais uma coligação “negativa”… tão positiva!

O governo decretou o aumento (em muitos casos, em cerca de 500%!) dos limites das adjudicações directas do estado (ministérios, autarquias, institutos públicos), com o argumento de que se trata de uma actualização natural, já que a última actualização já era, nas sapientes palavras do secretário de estado das finanças, do século passado (1999)! Bem vistas as coisas, era mesmo do milénio passado, o que a torna ainda mais obsoleta!

Aumentar, por exemplo, o limite concedido às autarquias de 150.000€ para 900.000€ pode parecer uma medida natural para o mais incauto (parecerá mesmo?). Mas, na realidade, é (como a suspensão da avaliação dos professores?) descaradamente eleitoralista, já que permitiria “convencer” mais eleitores a votar, num país cujas pequenas cidades e vilas do interior vivem numa escancarada promiscuidade simiesca entre política democrática e criação de emprego (ajuda social).

O PSD e os outros partidos da oposição votarão a revogação desse decreto-lei, que entraria em vigor na próxima sexta-feira. Ainda bem que há uma coligação “negativa” na Assembleia da República, que se prepara para chumbar esta iniciativa legislativa brutalmente injusta, de tão irresponsavelmente despesista que é e, portanto, atentatória do interesse nacional.

Como uma coisa que se chama teoricamente “negativa” pode ser tão positiva na prática, para um país atolado numa crise profunda! Por muito que muitos não gostem -- quando não lhes dá geito --, isto também é democracia.

É mandá-los todos embora!

No último Quadratura do Círculo, na SIC Notícias, a propósito da suspensão da avaliação docente, António Costa, indignado com tal medida supostamente eleitoralista, profere uma declaração admirável (do tipo “vale tudo”): “até a minha mulher [que é professora] está toda contente”, por ter sido suspensa a avaliação!
Para além da possibilidade do “rolo da massa em acção”, não se percebe muito bem como é que um putativo candidato a secretário-geral de um partido tão moralmente responsável, como o PS, de um putativo candidato a PM de Portugal, possa ter invocado um argumento falacioso e tão popularucho!
A falácia é simples: trata-se de uma generalização precipitada – pressupõe-se, errada e maliciosamente, que nenhum professor deseja ser avaliado, quando talvez a esmagadora maioria não admite ser avaliado por este modelo, tão ineficaz e, ainda por cima, tão negativamente perturbador de um sector crucial da vida sócio-cultural de qualquer país civilizado.
A demagogia é clara: ardilosamente inventado por José Sócrates, o argumento de que os professores são todos os mandriões, incompetentes e irresponsáveis, tem um forte poder persuasivo e elevado grau de adesão junto de uma população que valoriza pouco o saber e a aprendizagem, dá-se muito mal com o esforço e o empenho para aprender e, de forma ressentida, abomina, justamente, ser avaliado (quem gosta de professores, que nos dizem que ainda não fizemos bem e que devemos fazer mais isto e aquilo para realmente virmos a saber?)!
Com professores destes (como a mulher de António Costa?!) a solução é mesmo mandá-los embora, despedi-los – com justa causa, pois então, já que não querem fazer nada! – e colocar nas escolas portuguesas esta nova geração de licenciados ao Domingo, das Novas Oportunidades, em suma, de quem está cada vez mais habituado à ilusão do mundo virtual pseudo-socialista!

segunda-feira, 28 de março de 2011

Destes é que o povo (socialista) gosta!

O Nobel da Economia de 2008, Paul Krugman é um autêntico oráculo para os socialistas aflitos: advoga, com a sua sapiência, aparentemente incontestável, que as políticas de austeridade que estão a ser seguidas um pouco por todo o lado, são um erro, pois fazem estagnar a economia -- deveríamos era aumentar a despesa pública e preocupar-nos com o défice depois.

Isto é que é bom de ouvir: adiar ainda mais o esforço e continuar a viver na ilusão do pântano. Não se compreende é como se pode continuar a aumentar ainda mais a despesa pública em Portugal. Krugman não diz. 

domingo, 27 de março de 2011

Dar a pensar...

[Sobre a importância (prática) da filosofia política]

1.

«Politics is a confusing business. It’s hard to tell who believes in what. Sometimes it’s hard to tell whether anybody believes in anything. Politicians converge on the middle ground, worrying about focus groups, scared to say things that might be spun into ammunition by their opponents. There is some serious debate about policies, but little about the values that underlie them. When it comes to principles, we have to make do with rhetoric, the fuzzy invocation of feel-good concepts. Who is against community, democracy, justice, or liberty? This makes it look as if values are uncontroversial. Politics comes to seem a merely technical matter: politicians disagree about how best to achieve agreed goals and voters try to decide which of them has got it right.

The reality is different. Beneath the surface, concealed by the vagueness of these grand ideals, lurk crucial disagreements. Politicians who share the view that liberty matters, or that community is important, may have very different ideas about what they involve. Even where they agree about what values mean, they may weight them differently. These disagreements feed through into policy. What we ought to do about tax rates, welfare, education, abortion, pornography, drugs, and everything else depends, in part, on how and what we think about values. Some politicians may be clear about which interpretations of which ideals guide their policy preferences, and how important each is compared to the others. Many are not. And even where they are, that doesn’t necessarily help those of us whose job it is to choose between them. To do that we need to be clear about our own principles. We need to be aware of the different interpretations of these ideals. We need to see where claims presented in their terms conflict and, when they conflict, we need to decide which is right. We need political philosophy.»

Adam Swift, Political Philosophy. A beginners’ guide for students and politicians (Cambridge: Polity Press, 2nd ed., 2006) 1-2.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Melhoria da avaliação docente... finalmente!

Um dos principais problemas do actual modelo de avaliação docente (supostamente "aperfeiçoado"), consiste no facto de esta ser uma avaliação interpares: num grupo de professores, por exemplo, de Matemática de uma escola, um deles avalia os outros; o problema é o de saber se existem as condições para haver a imparcialidade e objectividade necessárias a um processo verdadeiramente eficaz de avaliação. É bem fácil de ver que não (ou são amigos e é difícil avaliar negativamente, ou são inimigos e é difícil avaliar positivamente -- e juntem-se mais prerrogativas, que as há...).

A proposta de suspensão do actual modelo de avaliação, do PSD, vai, pois, neste sentido: acabar com o regime actual de avaliação interpares e substituí-lo por um regime em que seja uma comissão independente a avaliar os professores. Acertado: é preciso aumentar a objectividade e eficácia avaliativa. (Aguardamos pela forma de que se revistirá tal comissão.)

Porquê agora? Não será irresponsável interromper o processo a meio do ano lectivo, em pleno decurso do processo de avaliação? Embora tal seja usado como se o PSD se estivesse a aproveitar para fazer a vontade aos professores, pressupondo-se sempre, erradamente, que os professores não querem ser avaliados (por muito que alguns assim o desejassem), o argumento do PSD é, no entanto, bastante aceitável: a medida é neste momento oportuna, pois o objectivo é que o novo modelo de avaliação de desempenho de professores tenha efeitos a partir do próximo ano. Acertado: é preciso, finalmente, ganhar tempo.

Espero que se tenha começado a arrumar a casa.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Preocupações

A preocupação maior é, agora, não estrita e directamente política, mas financeira. A imprensa estrangeira assim o destaca. A ajuda financeira é inevitável (Le Figaro). Os líderes europeus terão que se empenhar em acalmar os mercados, como destaca, em primeira linha, o El Pais. Será que Portugal vai conseguir financiar-se (sobreviver) até às eleições -- perguntamos nós? Quanto vai custar aos parceiros da UE tantos erros, que nos precipitaram para a irremediável ajuda internacional -- perguntam, por exemplo, os ingleses?

Vivemos, por cá, os primeiros momentos (naturalmente de agitação) a seguir à grande explosão primordial. Que se forme um universo novo!

Finalmente... Do mal, o menos!

Finalmente. O PM ilusionista, mestre de retórica, mestre da manipulação, que ilude tudo e quase todos, caiu -- digo: precipitou a queda. Uma crise política agora é negativa para o país. Prosseguir seria surrealisticamente terrífico. Do mal o menos.

Chegou a hora de começar de novo. De começar, não do zero, mas de algures abaixo do nada (como se em termos económicos e de bem-estar social tivesse sido quase agora o 25 de Abril!). Resta agora esperar pela competência política e técnica para recomeçar a resolver os problemas estruturais do país, através de reformas sérias e com futuro.

Solução? A ideal seria, obviamente, um governo de união nacional que congregasse os três maiores partidos. A solução possível é uma óbvia vitória minoritária do PSD e uma coligação pós-eleitoral com o PP. E esperemos que a vontade seja mesmo reformista e congregadora de uma maioria à espera de um verdadeiro governo ("condutor") do país.

Não podemos estar radiantes, porque a situação é grave. Mas, pelo menos, livrámo-nos de José Sócrates, o que, para (re)começar, já não é nada mau.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Ainda há ideias sobre Educação. Faltam as acções!

Eis um artigo de opinião sobre o sistema de ensino que defende uma tese aparentemente controversa.

Controversa por duas ordens de razões.

1. A primeira, porque se baseia numa análise fundada em estudos empíricos, com garantia científica. Paradoxalmente, estas análises chocam, em geral, com o destinatário desta opinião , que, em geral, não valoriza este tipo de argumentação, porque não possui cultura científica suficiente para reflectir nestes termos, o que nos arreda para os confins de um caótico lodaçal educativo, político, cívico.

2. Depois, controversa, agora com uma base mais discutível, por se basear numa comparação com países com melhores resultados, como a Finlândia e alguns "tigres da Ásia" (Singapura, Coreia do Sul), cujas culturas estão alicerçadas numa valorização do saber e do ensino bem mais forte do que aquela que somos capazes, devido a influências histórico-culturais decisivas (a primeira, fortemente influenciada pela cultura protestante, que privilegia o esforço, o empenho, o dever rigoroso e valoriza o saber; os segundos, influenciados pelo confucionismo, que valoriza a sabedoria do idoso, abrindo-se o neófito religiosa e empenhadamente à veneração dessa sabedoria).

A tese central, concreta, seria turmas maiores e muito bons professores, com remuneração elevada para atrair os melhores. Elementar. Mas: turmas maiores com estes alunos, com esta forma de estar da sociedade perante a disciplina, o rigor, o esforço? Melhores professores implicaria regular novamente a acreditação das universidades para a formação de professores, instituir provas de acesso à profissão e implementar modelos rigorosos, objectivos de avaliação de desempenho! E coragem e competência (política e técnica) para isto?

Não deixa de ser, no entanto, uma análise corajosa e um bom rumo possível a seguir, no meio de tanta superficialidade e falta de ideias e princípios orientadores de uma política verdadeiramente educativa e salvadora das próximas gerações, que podem estar perdidas.

Mas, o que é necessário é pensar o que na cultura histórica portuguesa existe (se existe!) no qual se possa ancorar tal atitude positiva, pro-activa, da sociedade, em geral (políticos, pais, empresários, professores), para com a educação. O principal problema da educação em Portugal é, como há muito referem estudos sociológicos, a fraca valorização que a sociedade portuguesa faz do saber e da educação. Só depois vêm: a completa irresponsabilidade e ignorante perspectiva que os políticos têm tido, nas últimas décadas e apesar de melhorias pontuais (nunca de fundo), de tão fulcral base político-social (por muito que estes tenham sempre a responsabilidade de orientar politicamente e de dar o exemplo!); o papel sectarista e pobre de perspectiva dos sindicatos; e a, alguma (pelo menos a espaços), mediocridade cultural e política de muitos professores, que após o 25 de Abril se pavonearam na sociedade como aqueles que ganhavam algum dinheirito sem trabalhar e hoje (muitos deles bons profissionais -- onde é que estaríamos se assim não fossem?!) se sentem num campo de batalha de uma guerra sem móbiles nem comandantes.

Muito há a fazer, pois. Não será fácil. As mentalidades sempre foram o mais difícil de mudar.

terça-feira, 15 de março de 2011

Dar a pensar...

[Sobre finalidades da educação]

[3]

«Em terceiro lugar, a predisposição à inovação. Se há competências que têm vindo a ser valorizadas nas últimas décadas, são aquelas que sustentam atitudes favoráveis à inovação em contextos culturais de gestão de mudança. Trata-se de uma consequência das alterações profundas operadas nos sistemas de produção e de criação cultural, especialmente na busca incessante de novas soluções, quer de carácter tecnológico, quer organizacional, quer mesmo na concepção do produto.

(…) A pressão sobre a inovação tende a ser cada vez mais intensa, contínua e necessariamente planeada.

Inovar para competir, desde a escala local à escala global, parece ser o sentido do desenvolvimento das sociedades modernas.

Como nos preparamos para estes desafios?

A educação tem um contributo a dar, mas não através de uma pseudocultura de inovação educacional que dominou a reflexão pedagógica nas últimas décadas. O entusiasmo acrítico pela inovação educacional, porque não reflectido em função dos problemas de base e não processada pelo conhecimento, conduziu ao mimetismo de experiências estranhas, à adopção voluntarista de experiências não avaliadas e à replicação no ensino de práticas e lógicas de inovação tecnológica e organizacional que pouco ou nada tinham que ver com a educação.

O experimentalismo voluntarista, mas descontrolado, generalizou-se a muitas escolas portuguesas, sem que se avaliassem os efeitos directos sobre as crianças – que não são “produtos” – e sem que se monitorizassem os resultados e os efeitos. Desde a distribuição dos lugares na sala de aula, ao “aprender, brincando”, tudo eram “boas práticas” e confesso que nunca tive a oportunidade de ver alguém dizer, por exemplo, que esta experiência falhou, que foi um erro, ou seja, que foi uma “má prática”. É mais útil difundir uma má prática como forma de alertar e dissuadir a sua replicação do que banalizar a inovação e as boas práticas. Por isso começo a defender, sem grande sucesso, diga-se, e realização de “seminários de más práticas”.

(…) A inovação educativa é algo de enorme delicadeza porque estamos a trabalhar com crianças, requer reflexão aturada e não a adesão entusiástica, a monitorização dos processos e a avaliação comparada dos resultados. Sem isso, o risco de ficar tudo na mesma é bem menor que o insucesso.

O que precisamos de desenvolver nas novas gerações são as atitudes favoráveis à inovação e à capacidade empreendedora associadas à afirmação da autonomia reflexiva e responsável. Isso requer recentrar as aprendizagens na capacidade de formular e resolver problemas, sem prejuízo do domínio prévio, por exemplo na Matemática, dos algoritmos e dos conceitos fundamentais. Essa particular maneira de pensar não pode ficar confinada à Matemática, vai muito para além dela para estar presente nos mais variados domínios, desde o ambiente à história, da literatura às ciências.

Muitos educadores dão uma especial ênfase ao desenvolvimento da capacidade criativa junto dos seus alunos, nomeadamente nos primeiros anos de escolaridade. Esse é um bom exemplo do que não se deve fazer. Ninguém cria a partir da ignorância, ninguém inova sem conhecimento adquirido. Tal como o ensinar, criar e inovar dá muito trabalho e requer muito conhecimento. Por isso falamos em desenvolver atitudes favoráveis à criação e à inovação e não da pretensa prática precoce de o fazer.»

David Justino, Difícil é Educá-los (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010) 97-9.

sábado, 12 de março de 2011

À rasca -- humanamente?!

Terá acontecido hoje uma das maiores manifestações jamais havidas um pouco por todo o país, sobretudo em Lisboa. Milhares de pessoas manifestaram-se contra as enormes incertezas laborais - de futuro - em que vivem. Estamos a atravessar um período negro da nossa democracia.

Isto é assim, porque nas últimas décadas Portugal foi governado por políticos estupidamente optimistas, infantilmente idealistas e, sobremaneira, por políticos descaradamente oportunistas, que coleccionaram incompetências e irresponsabilidades, quando foram aumentando salários e admitindo pessoal na função pública, investindo em estradas e auto-estradas desfasadas da nossa economia, até ao cúmulo do TGV, e foram criando espectativas surrealistas a uma população ignorante, inconsciente e política e culturalmente imberbe, que se habituou a sonhar com o el dorado, o totoloto e o euromilhões, sem que nunca nenhum político tivesse tido a capacidade e coragem de incutir ideias de esforço, empenho, serviço, indústria, qualidade, conquista, orgulho, competência, rigor e... paciência.

Esta geração tem muitos jovens adultos à rasca, mas pior estavam os pais, mais ainda os avós, pior ainda estarão os seus filhos... A não ser que essa mesma geração comece por fazer um pouco mais e melhor do que se encontrar na rua depois de uns cliques indiscretos nas modais redes sociais, que são óptimas, ao que parece, para passar o tempo.

Provavelmente, era melhor começar a votar, nem que fosse em branco. Talvez fosse melhor começar a exigir uma educação básica, secundária e (em certo sentido, sobretudo) superior de qualidade, em vez de continuar a trapassa do "tirar/roubar" um curso, qualquer que seja, mesmo que seja uma "engenharia da defecação" - engenharia sem Física nem Matemática, claro, que isso é chato - ou umas relações internacionais sem saber Inglês ou com Inglês técnico ao Domingo! Talvez não fosse má ideia começar a querer saber mesmo, a desenvolver competências cognitivas, sociais, culturais e políticas a sério, para que comecem a aparecer ideias comerciais, económicas, sociais, políticas novas, que contribuam para resolver problemas.

É tempo, iremediavelmente, de encarar a realidade, de deixar o facilitismo da casa dos pais, do consumismo fútil, do emprego para toda a vida (que já não se pode viver sem isto, aquilo e ainda mais aqueloutro)... e correr mundo. É chegada a hora do realismo.

Que faria esta geração à rasca se tivesse que governar o país? Faria melhor que os meninos do papá e da mamã das juventudes partidárias que se têm "desenrascado" recriando poder(es) para si e para os seus, no lugar de servir o país? Fariam melhor que os políticos locais que de Câmara em Câmara, da esquerda à dreita, inventam empregos (não trabalho, claro) aos amigos com cartão, à custa do dinheiro de quem produz e paga impostos? Que ideias para a organização política da sociedade (para a economia, para a educação, saúde e justiça) tem esta geração dita "à rasca"?

Toda a gente está seduzida por este protesto dos "jovens". É um protesto, que a altura é de indignação. Mas também é demasiado fácil, politicamente correcto. No entanto, a situação do país, de todos nós, sobretudo das gerações vindouras, é demasiado séria para nos limitarmos à simples indignação e para não sermos substancialmente críticos na análise.

O pai que alimentou falsas espectativas, tem culpa. Mas o filho que comodamente não quer crescer não pode ser triunfalmente ilibado como um inocente.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Dar a pensar...

[Sobre finalidades da educação]

[2]

«Em segundo lugar, a abundância de informação. Hoje há mais informação disponível, mas provavelmente vivemos numa fase que eu classificaria de imatura ao que se projecta para daqui a quinze ou vinte anos. O ritmo de produção de informação tenderá a acelerar-se, a globalização do acesso vai acentuar-se e a acumulação dessa informação atingirá escalas inimagináveis.

De há muito se fala de excesso de informação e dois problemas que apresenta, mas para além dessa abundância coloca-se também o problema da obsolescência, informação que “mata” ou desvaloriza a informação, a um ritmo crescente, tornando o “mercado” uma amálgama de ofertas perante procuras potencialmente insuficientes.

Neste contexto, surge a necessidade premente de avaliação da sua utilidade e da sua validade. Ora, essa avaliação exige capacidades cognitivas redobradas: saber definir muito bem a utilidade e a finalidade da busca de informação, saber questionar e analisar criticamente, ter capacidade de a apropriar com vista a tomar uma decisão ou a produzir nova informação.
É previsível um melhoramento das tecnologias de informação, desde os motores de pesquisa à gestão de bases de dados, mas esse avanço não irá dispensar a boa utilização das ferramentas, a capacidade análise, de reflexão e síntese por parte do utilizador. Ora estas capacidades exigem formação prolongada e sistemática, integrando o que atrás designámos por “saber pensar”. Não bastará o domínio dos operadores lógicos, é necessário saber questionar, formular bem os problemas, construir hipóteses e identificar com rigor o objecto da pesquisa.

Mas há um outro desafio, o da passagem da perspectiva do utilizador para a do criador, do produtor de nova informação. Só assim poderá haver utilidade social e valor acrescentado. A informação, por isso só, não passa de uma matéria-prima. Acrescentar-lhe valor implica processá-la e torná-la socialmente reconhecida.

Como lá chegar através da educação? Começando, desde os primeiros anos de escolaridade, com as coisas mais simples: a leitura, análise e interpretação de textos, por exemplo, ou da prática de análise de fontes históricas, das operações mais simples de raciocínio lógico associados aos primeiros exercícios de estatística ou ao hábito de medida, registo, leitura e interpretação de observações de fenómenos quotidianos (temperatura do ar, humidade, tensão arterial, entre tantos outros exemplos possíveis).»
David Justino, Difícil é Educá-los (Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2010) 96-7.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Fotografias

“Viagem #1”
(Lisboa, Junho 2009)
© Miguel Portugal
“Viagem #2”
(Paris, Agosto 2010)
© Miguel Portugal
“Viagem #3”
(Bilbao, Abril 2009)
© Miguel Portugal