terça-feira, 14 de julho de 2009

A incompetência puerilmente irresponsável!!

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Os "mauzões" dos jornalistas lá foram "desencantar" mais uma notícia! Agora toda a gente sabe! (Como se saber o que importa à coisa pública não fosse uma das virtudes dos regimes democráticos. Como alguém disse: entre ter que optar por ter Estado e não ter comunicação social ou ter comunicação social e não ter Estado, talvez fosse melhor para a liberdade individual optar pela oportunidade de transparência proporcionada por uma Comunicação Social livre, mesmo sensacionalista e populista e mesmo à custa doa ausência de um Estado paternalista!)
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Mas, não vá o "diabo tecê-las" (que, para este governo socialista significa: "não voltem aqueles incómodos jornalistas a chatear"), vamos lá a colocar uma película espelhada para ninguém ver o Juiz!
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Mas não é que voltaram a chatear! Agora vêm dizer que se há ainda alguém que não saiba que o dito Juiz está ali a trabalhar no "Freeport" ou no "Furacão", porque já não se vê, passam a saber que é ainda ali que ele está, pois é o único gabinete que tem a dita película espelhada! Só podem estar a querer esconder alguma coisa importante! Mas, sem qualquer eficácia, pois as paredes continuam a ser de vidro... é apenas uma máscara! (Os sensacionalistas jornalistas até alvitraram que fosse à prova de bala! Que chatos!)
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"Estes romanos são loucos!" Diria o gaulês Obélix. O cidadão de uma democracia minimamente bem organizada, de uma sociedade justamente bem ordenada, não poderá dizer outra coisa senão: "estes governantes estão cada vez mais incompetentes!" Eis a administração da justiça portuguesa... com paredes de vidro!

segunda-feira, 13 de julho de 2009

9.º ano: "boa" Matemática e "menos bom" Português?

Os resultados dos exames nacionais do 9.º ano às fulcrais disciplinas de Matemática e Português não foram maus, com a Matemática a aumentar a percentagem de classificações positivas face ao ano anterior, embora com Português a baixar essa percentagem.
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Mas serão estes resultados minimamente fiáveis? O problema é que, enquanto o ME não "souber" fazer exames rigorosos e com um grau de exigência coerente e adequado aos níveis de ensino a que se aplicam ou enquanto as orientações políticas não forem clara e inequivocamente nesse sentido, ficará sempre a dúvida, para além do razoável, acerca da credibilidade dos resultados alcançados. O pior é que esta atitude pouco rigorosa do ME diante dos exames nacionais está a influenciar negativamente no esforço dispendido pelos alunos na sua preparação, bem como está a criar uma crescente falta de confiança da sociedade perante instrumento tão importante para medir o desempenho dos alunos e do sistema.
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Nota negativa para este ME!

Manipulação «contínua e estreita»!

O caso do BPN é escandaloso. Uma comissão parlamentar incisiva (por muito politicamente excessiva que tenha sido, ninguém acredita que tenha sido tecnicamente medíocre, como Vitor Constâncio quiz fazer crer!) produziu um relatório insipiente e politicamente tendencioso. Com base em premissas verdadeiras, os relatores socialistas inferiram uma conclusão falsa: perante um Banco de Portugal sorumbático diante dos factos, que vieram a ser revelados, houve tudo menos «uma supervisão contínua e estreita»!!
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Mais uma vergonhosa manipulação da verdade política, num parlamento manipulado pelo PS. Vale a possibilidade de alteração do status quo. Está nas mãos do depauperado povo!

quarta-feira, 8 de julho de 2009

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Fotografias...


“Botão de descarga”
(W.C. de Museu Guggenheim, Bilbao, Abril 2009)
© Miguel Portugal

Demolidor!

Veja-se esta crónica demolidora de Santana Castilho, publicada no Público de 21 de Junho, sobre a prestação de Maria de Lurdes Rodrigues à frente do ME. Infelizmente, a análise é acertada. De facto, peca apenas por ser... incompleta.

(Clique na imagem para a aumentar)

terça-feira, 7 de julho de 2009

Maus resultados, má influência... deste ME!

Os resultados dos exames nacionais de Matemática, da primeira fase, foram maus. Explicação? O ME rapidamente a engendrou, embora tenha enveredado por mais uma argumentação despudoradamente falaciosa (ou, como se diria em bom vernáculo, "fugindo com o 'rabo' à seringa"): houve «menos investimento, menos trabalho e menos estudo» por parte dos alunos, por causa, repare-se, da «difusão da ideia que os exames eram fáceis» feita pela comunicação social. Alguém, que não o infalível governo liderado por José Sócrates, tinha que ser o responsável!
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Bom, parece que o ME gostaria mesmo era que os media "mentissem" ou, pelo menos, ocultassem a realidade... Se os exames, designadamente da tão importante Matemática, têm pecado, nos últimos anos, pela ausência de rigor na sua elaboração, facilitando desse modo a sua realização pelos alunos e, consequentemente, provocando melhores (embora falseados) resultados, então, a haver má influência (que houve, com certeza) junto dos alunos, criando-lhes a ilusão de que tirar bons resultados era fácil, foi da parte do próprio ME e não dos media.
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Não nos equivoquemos: a função do ME é, nesta matéria, elaborar bons exames (rigorosos, coerentes e sem erros); a função dos media é relatar a verdade acerca do que se passa com um dos pilares fulcrais da nossa sociedade, neste momento decisivo, que é a educação. Responsabilizar a comunicação social por uma estratégia política inviesante na educação em Portugal ou, que seja, por falhas técnicas do ME naquilo que deveria ser uma rigorosa elaboração de exames nacionais é altamente falacioso, pois faz crer que o responsável por certo acto é uma entidade, quando, na realidade, é obviamente outra!
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Portanto, a tutela só tem razão numa coisa: a ideia de que os exames estavam a ser, nos últimos anos, mais fáceis pode ter influenciado negativamente no empenho dispendido pelos alunos na preparação deste último exame de Matemática (o que é grave!). Não tem, contudo, razão quando diz que tal influência partiu da comunicação social: de facto, essa nefasta influência partiu do próprio ME, ao ter elaborado exames tendencialmente mais fáceis nos últimos anos!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A vergonha passou a fronteira! (2)

Do Brasil à Sibéria é o título do artigo do Público, que dá conta dos media que, além fronteiras, noticiam a triste figura do governante socialista no parlamento português.

É lamentável a imagem de país de terceiro mundo, que corre hoje um pouco por todo o mundo, que este episódio inadmissível mostra de Portugal. É sempre motivo de interesse o modo como decorre a actividade política nos vários países, sobremaneira naqueles com maior responsabilidade histórica e cultural. De facto, não pertencemos nós à tradição da civilização ocidental, que engendrou um dos maiores bens culturais, que é a democracia?!

Temos essa responsabilidade. Temos, por isso, agora, razões para nos sentirmos todos envergonhados!

Para quem é acusado de não ter propostas…!

Nos últimos dias, Manuela Ferreira Leite apresentou já um esboço genérico das suas propostas para resolver os problemas endémicos da educação, engrossados e mesmo alguns provocados por este governo: em geral, mais exigência e, em concreto, alteração dos estatutos do aluno e da carreira docente, alteração da avaliação docente e diminuição da carga burocrática dos professores.

Quanto à exigência, ela é, naturalmente, bem-vinda. Mas espera-se que se trate da exigência das estruturas do ME na elaboração de programas e, sobretudo, de exames; da exigência na qualificação e acção profissional de todos os professores (pois tem havido, por diversas razões, um decréscimo geral na qualidade da actividade docente); exigência nos processos de ensino e aprendizagem, designadamente na avaliação, com professores, pais e alunos verdadeiramente empenhados em que a escola faça sentido – que os alunos aprendam o mais e melhor possível, dentro das suas capacidades, motivações e valências diversas.

Quanto às alterações dos estatutos do aluno e da carreira docente, a expectativa é grande, já que, se é fácil repor um estatuto do aluno equilibrado e adequado ao seu fim, menos fácil será alterar eficaz e justamente o estatuto da carreira e a avaliação docente, sem cair em populismos, desta feita, corporativos. Quanto à burocracia, parece fácil: afinal, o bom professor (exigente, antes de mais, consigo mesmo) necessita de tempo para se preparar para os momentos de ensino – precisa de tempo para estudar, ler, reflectir, arquitectar procedimentos didácticos para aqueles alunos e para aquelas temáticas em concreto. Com o actual estado de coisas, em matéria de actos burocráticos frustrantes, desgastantes e ridiculamente inconsequentes, o professor tende a transmutar-se em algo bem perigoso para a sociedade – é já, nalguns casos, uma “coisa”, não um professor, sem brio profissional, sem postura intelectual, sem motivar nem fazer aprender quem quer que seja.
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É preciso mudar. E talvez as mudanças ainda venham a tempo! Quanto a Manuela Ferreira Leite, uma coisa é certa: para quem é acusado de não ter alternativas, não me parece mau para começar a "arrumar a casa" (note-se: uma casa, em alguns aspectos, muito desarrumada)!

Bilboko Arte Erder Museoa*




(Bilbao, Abril 2009)
© Miguel Portugal

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* Museu de Belas Artes de Bilbao

quinta-feira, 2 de julho de 2009

A vergonha passou a fronteira!

O El Pais não foi meigo em palavras: ministro português da economia demitido por chamar "cornudo" a um deputado! Não é para menos. Afinal, foi isso, infelizmente, o que aconteceu!

O gesto da vergonha ou o último estrebuchar desta "democracia"!

A política é a arte de convencer os outros de que temos as melhores soluções para a organização e condução da vida pública. Por isso, o exercício desta arte implica, necessariamente, um conjunto de faculdades intelectuais – capacidade de argumentação, de comunicação, diálogo, persuasão – e virtudes morais – ponderação, prudência, sensatez, serenidade, lisura – que caracterizam o verdadeiro homem político, a estes níveis exemplo paradigmático para os seus concidadãos.

Ora, quando estas características não fazem parte do perfil de quem assoma a um cargo político ou a estratégia global delineada pelo líder se subtrai a tais “velhas” virtudes, o resultado é um conjunto de mediatizações mais ou menos bem arquitectadas, no sentido de manipular e não convencer ou, no limite (da paciência!), um grotesco gesto rude, quase simiesco, de quem não está de facto à vontade no papel.

O gesto de Manuel Pinho (não se lhe pode chamar já, sequer, senhor, já que demonstrou não ser jamais senhor de si!) é o gesto da vergonha, da vergonha de tantos quantos já não estão capazes de representar um papel de serviço público superior e nobre, como é o de homem político, que tem a seu cargo os assuntos públicos de todo um país, regido por um sistema democrático. Ademais, trata-se de um gesto que em muito simboliza um estilo governativo, numa atitude que sempre extravasou, para além da mais elementar razoabilidade, a arrogância de quem não se permite conviver com a crítica, o argumento, o diálogo, a alternativa melhor.

Se quisermos percorrer o caminho da psicologia, ao invés do da ética, o mais que sói dizer-se é que é compreensível, dentro de certos limites, uma irritação, um desgaste, um excesso, um lapsus linguae. Mas o gesto de Manuel Pinho não se enquadra, decididamente, em nenhuma destas categorias. Pelo contrário, é um gesto de criança mal-educada, cultural e socialmente determinada no seu comportamento e, por isso, nunca, em situação alguma, admissível em alguém que pise o soalho de um Parlamento democrático.

O comportamento de Manuel Pinho só veio engrossar a já de si arrogante imagem do governo, como que reafirmando, em acto, a atitude de quem não está para prestar contas a ninguém! Mas, pior, veio igualmente afectar a também já, infelizmente (mal de nós!), degradada imagem da Assembleia da República, que se vai agigantando diante dos portugueses como um palco de tristes e faustosos espectáculos, quando deveria ser um estrado de elevado desempenho de prestação de contas públicas diante de inquiridores competentes. É a anti-democracia no seu mais natural estrebuchar!
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Que vergonha!

terça-feira, 30 de junho de 2009

Aquecimento global?

Leia-se, nos "mitos climáticos" (1, 2, 3, 4, 5 e continua), uma entrevista de La Nouvelle Révue d'Histoire a Marcel Leroux, eminente climatólogo que vem defendendo a tese de que o aquecimento global é um mito. Quando a ideia dominante começa a ser a de que está a acontecer um dramático aquecimento generalizado da atmosfera do planeta, de que tal é da responsabilidade do ser humano e, por isso, urge inverter estilos de vida, com investimentos avultados e implementação de uma nova ordem internacional, não é dispicienda a atenção a conceder a outra forma de interpretação dos mesmos dados científicos. A reflectir.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

"Errar habitual é"!

Mais um erro nos exames nacionais do ensino secundário, desta feita no exame de Geografia, para alunos do 11.º ou 12.º anos de escolaridade. Entre erros, lapsos e gafes, já lá vão quatro. Mas diferentemente daqueles ocorridos nas provas de Biologia e Geologia, História e Física e Química, este é bem mais grave, uma vez que tem repercussões na correcção da prova.
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Não só os exames não são, como deveriam ser, elaborados com o intuito de servirem como rigorosos instrumentos de avaliação de alunos e do próprio sistema, como ainda têm que conter erros, cuja natureza não tem justificação. Se a preocupação geral do governo não fossem as estatísticas talvez houvesse disponibilidade, atenção e energias para o essencial.
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Sempre se poderia afirmar, como se afirma a propósito de toda e qualquer actividade humana, errare humanum est. Mas, neste caso da educação, melhor deveríamos dizer "errar habitual é"!

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Se nos estão a "chatear", compramo-los!

Manuela Ferreira Leite apontou, e bem, a possível ingerência do governo liderado por José Sócrates na comunicação social, caso a PT venha a adquirir parte da empresa dona da TVI, com o logicamente consequente afastamento de José Eduardo Moniz e alteração da linha editorial. Seria, obviamente, um grotesco atropelo à democracia, um governo vir a dominar uma empresa dona de um canal de televisão, que, com ou sem razão, de forma bem ou mal conseguida, tem sido bastante crítica desse mesmo governo.
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A ser verdade, é mais um acto político-partidário bem ao estilo de José Sócrates: se nos estão a "chatear", compramo-los! É uma divisa aterradora e eticamente reprovável, numa altura em que os órgãos de comunicaçãpo social terão um papel determinante na eleição do próximo governo. Se houvesse seriedade neste governo liderado por José Sócrates, os eleitores seriam tratados como seres politicamente livres e autónomos e teriam oportunidade de avaliar imparcialmente as políticas do PS, sem que fosse necessário comprar órgãos de comunicação social!

terça-feira, 23 de junho de 2009

Exames com pimenta

A educação fácil para uma vida difícil

O exame de Matemática do 9.º ano, realizado ontem em todo o país, parece que foi um mau exame: com demasiadas perguntas demasiado fáceis (tinha várias questões do 6.º ano e até uma do 3.º ano!), o exame não conseguirá, assim, aferir os verdadeiros conhecimentos que os alunos deveriam e poderiam muito bem possuir no final do ensino básico, numa disciplina fundamental e demasiado importante para as suas vidas futuras. Quem o diz é a Sociedade Portuguesa de Matemática. Mas esta instituição diz mais e, talvez, o mais importante: este tipo de exames, com perguntas demasiado fáceis, cria uma muito perniciosa atitude e mentalidade nos alunos, a de que não é preciso esforçarem-se para aprender mais, já que, sem precisarem de se esforçar tanto, conseguirão igualmente “bons” resultados!

Mas há quem só veja virtudes neste mesmo exame. A Associação de Professores de Matemática considerou que o exame está de acordo com o programa da disciplina e que os exames devem ter um grau de dificuldade adequada aos alunos, coisa que, segundo esta associação, aconteceu com este.

Quer dizer, há duas maneiras de encarar a vida: 1. encará-la como se se tratasse de um “mar de rosas”, onde as pessoas nascem a saber nadar ou então onde são leves insectos cuja vida nirvânica consiste, muito simplesmente, em saltitar de pétala em pétala; ou 2., bem diferente, é encará-la como se, para viver nesse mar (que pode muito bem ter rosas) é preciso aprender a nadar, aprender mesmo, para depois, sim, nos podermos deslocar efectivamente por entre os perfumes da vida, que os tem, claro!

A primeira é a velha “nova” filosofia da educação, que a vê como uma actividade muito pouco normativa, irresponsavelmente não-directiva em absoluto, muito pouco orientadora, e, sobretudo, nunca exigente, supondo que a educação deve respeitar a liberdade do aluno e que isso se faz “deixando-o” crescer.

A segunda filosofia da educação é uma forma realista e veritativa de encarar a educação, que é vista como uma forma de libertar verdadeiramente o ser humano, que, para tal, deverá obter os conhecimentos e desenvolver as competências necessárias para uma vida boa – livre, sábia e feliz. Para que todos tenham acesso a esse tesouro, ao invés de os “deixar” crescer com a ideia de que tudo o que é bom é fácil e tudo o que é difícil é mau, é preciso procurar que cada um se esforce no sentido de aprender o mais possível e incutir nas crianças e jovens a ideia de que o saber (nem sempre fácil, claro) é algo de extremamente valioso, porque, justamente, libertador.

É esta filosofia da educação – mais exigente, mas também mais realista e humana, já que faz com que todos aprendam efectivamente o mais possível – que a esquerda quer destruir, para utopicamente colocar no seu lugar um simulacro de educação, que é suposto tornar todos (artificiosamente) iguais, mas que, ao invés, estreita as possibilidades de ser (principalmente dos mais desfavorecidos!) e nivela por baixo aquilo que é a altaneira força da liberdade e diversidade humanas.

Como se uma educação fácil preparasse adequadamente as crianças e jovens para uma vida que tem sempre – e agora particularmente – aspectos mais difíceis! Pelo contrário, a educação facilitista apenas torna, já à partida, a vida mais difícil.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Bons resultados. Bons exames?

A sra. ME, Maria de Lurdes Rodrigues, prosseguindo uma política educatica, sobretudo, propagandista, disse hoje que os resultados (que não conhece ainda exactamente!) nas provas de aferição do ensino básico são óptimos, melhores ainda que os do ano passado... Fantástico!
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Mas é já um infeliz lugar comum e pode tornar-se até cansativo lembrar que os resultados dos exames arquitectados por este ME podem muito bem não testar verdadeiramente os conhecimentos e competências que seria desejável que os alunos obtivessem no final de cada ciclo de ensino. É fácil compreender que o modo mais fácil de obter melhores resultados -- interesse maior deste governo -- é fazer testes de conhecimentos e competências mais fáceis, mais acessíveis a um maior número de alunos. Claro que as pessoas, em geral, parecem gostar desta estratégia. Mas quem sofrerá as consequências são sempre as crianças e jovens, que na futura vida adulta terão de enfrentar, não facilidades, mas uma realidade exigente, para a qual estarão tanto mais preparados quanto mais terão tido oportunidade de treinar essa exigência, quanto mais conhecimentos tiverem obtido e quanto mais desenvolvidas tiverem sido as suas competências. As crianças e jovens portugueses, infelizmente, não parecem estar para tal preparados.
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Teremos, pois, que continuar à espera de melhores exames, mais rigor no ensino e avaliação, mais estímulo para o esforço de aprender e saber -- tesouros belíssimos e fecundos que têm sido substraídos aos jovens portugueses!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Política e ciência - um clima tempestuoso!

Assiste-se a um generalizado consenso nas opiniões públicas um pouco por todo o mundo, pelo menos ocidental, acerca da hipótese do global warming -- as temperaturas estão a aumentar (e assim continuarão dramaticamente), por causa de emissões de gases de efeito de estufa, com origem, sobretudo, na actividade humana. Este consenso aconteceu graças a uma forte e persistente actividade política dos grupos ambientalistas desde os anos 60, ao que se veio juntar, no dealbar do século, a influência política de um grupo alargado de cientistas que formam o Painel Intergovernamental para as Alerações Climáticas (IPCC, na sigla inglesa), organismo da ONU responsável por emitir relatos sazonais sobre as alterações climáticas.
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No entanto, parece não haver um efectivo consenso científico de entre os cerca de 2500 cientistas que formam o IPCC e que têm estudado, em conjunto, o clima nos últimos anos; este consenso talvez não exista, porque, pelo menos de momento, talvez não possa existir, dada a ausência de certezas sobre muitas coisas acerca do clima. Pressões políticas, sim; certezas científicas, parece que não. E, portanto, talvez haja mais política que ciência, nas conclusões dos relatórios do IPCC, que, aliás, têm duas partes: há sempre um relatório científico, propriamente dito, e há depois um conjunto de conclusões direccionadas aos decisores políticos, conclusões "votadas de dedo no ar" por um conjunto de cientistas nomeados pela meia centena de governos que patrocinam o IPCC!
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Quando o poder político se imiscui desta forma na actividade científica, pressionando por certezas, as dúvidas aumentam exponencialmente! É, por isso, absolutamente necessário distinguir, por difícil que possa parecer, a questão política da questão científica acerca do clima.
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terça-feira, 16 de junho de 2009

A nossa sociedade aberta e os seus persistentes inimigos

Eis uma excelente síntese da vida e pensamento de um dos mais influentes filósofos do séc. XX, Sir Karl Popper (1902-1994), elaborada pelo Dr. João Carlos Espada, agora felizmente colunista do jornal "i".
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Além de um influente e determinante filósofo da ciência, com a sua tese de que o conhecimento científico se baseia, não no método indutivo de verificação de hipóteses (concepção tradicional comum), mas num método falibilista de conjecturas e refutações (o que mostrou o carácter crítico e não dogmático da ciência), Popper deve ser lido também como um dos maiores filósofos políticos do século XX, século dos totalitarismos, que denunciou contundentemente, e um exímio defensor do Estado limitado e da liberdade individual, temas que ainda atravessam a nossa contemporaneidade.
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Porque as "agressões" à sociedade aberta teimam em persistir, é imperioso estar munido de pensamento crítico e aprofundado.

Nervosismo político

O PM José Sócrates confundiu ontem, à entrada da Comissão Política do PS, os conceitos de maioria absoluta e maioria parlamentar. Afinal, resume-se a uma questão aritmética simples: a maioria absoluta é uma maioria com 50% dos votos mais um (de um ou mais partidos coligados), enquanto que uma maioria parlamentar é constituída pelo partido mais votado (ou uma coligação de partidos), não tendo que ser uma maioria absoluta, podendo ser apenas relativa.
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Não foi apenas uma gafe. Trata-se de um nervosismo político que começa, naturalmente e por força das circunstâncias políticas, a afectar José Sócrates, um político inteligente que, apesar de tudo, não cometeria, a não ser havendo uma forte razão para tal, tão grosseira falha conceptual, muito facilmente evitável. O que está em jogo é que o PS tem, num curto lapso de tempo útil para as legislativas, um grande problema: o que fazer para retomar um discurso ganhador, triunfante e arrogante, que tem caracterizado a governação e o estilo de José Sócrates, quando o que agora o PS terá de fazer (como se estivesse na oposição!) é ter de galvanizar vontades descontentes, recuperar votos, explicar reformas mal conduzidas para, pelo menos, ter uma maioria parlamentar.
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Curioso será assistir, doravante, a um José Sócrates "humilde", "pedagógico", "próximo" e "empático" a explicar muito bem às pessoas que, apesar de ter falhado, não voltará a falhar!
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O que José Sócrates quiz dizer é mesmo isso: dêem-me, pelo menos, uma maioria parlamentar, que agora é que vou mesmo fazer tudo bem! Nesta fase, mais vezes acontecerá alguém ter que vir a terreiro explicar o que José Sócrates quiz dizer! (Até parece Manuela Ferreira Leite nos seus dias comunicacionalmente menos bem conseguidos.) É nervosismo político. Acontece aos melhores!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

O estigma do esforço numa sociedade de facilitismos

«Se conseguir concluir o 12.º, depois dos exames, gostava de ir para a faculdade, mas confesso que a ideia me deixa um pouco assustada, porque oiço dizer que é muito difícil e tem de se estudar muito mesmo para se poder concluir um curso.» Amanhã iniciar-se-á a fatídica época em que a escola examinará os conhecimentos e competências, desta e doutros alunos, apreendidos ao longo dos últimos anos. As provas de exame são absolutamente indispensáveis para a avaliação do que os alunos aprenderam e do que a escola ensinou..

Mas o que estas palavras desta aluna mostram é uma das coisas mais importantes da nossa lusa contemporaneidade: o estigma do esforço entrava a edificação do humano. Sempre os jovens ficaram apreensivos com os degraus que a escada da vida humana se lhes apresenta. Hoje, contudo, a mentalidade generalizada é a de que a ideia de que é preciso sacrifícios e esforço para transpor os degraus de ascensão na vida é uma ideia do passado, como se o facto de o ser, fosse, já por si, um facto negativo. Porém, continua a ser incontornável -- aliás, hoje mais do que nunca -- a ideia de que só com sacrifícios, esforço e empenho se consegue aprender o suficiente para se crescer como ser humano verdadeiramente consciente de mundo e verdadeiramente bem preparado para exercer uma actividade profissional realizadora, pessoal e monetariamente.
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A perplexidade desta aluna perante o desafio do ensino superior mostra também outra coisa igualmente perturbadora: o fosso, creio que cada vez maior, entre o ensino secundário e o ensino superior. O que se assiste, na realidade, um pouco por todas as escolas do país (com excepções, naturalmente, embora, com certeza, pontuais), é um abaixamento generalizado da qualidade do ensino e do grau de exigência nas aprendizagens, causado pelos curricula tantas vezes desajustados à realidade motivacional e cognitiva dos alunos, mas também pela proliferação do facilitismo (da ideia de que para se ser adulto e feliz não é preciso grande esforço ou sacrifício -- algo acontecerá!) e de políticas educativas erradas, ideologicamente determinadas e teimosamente fechadas à perfectibilidade, coisa que poderia advir de sectores críticos e esclarecidos da sociedade civil, caso o governo não fosse autista.
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E depois é, curiosamente, na Universidade, que se dá o embate final, já que os exames do final do secundário têm sido tendencialmente mais fáceis e, portanto, menos selectivos: os que tiveram a sorte de se terem empenhado e de terem tido bons professores, apesar do imperfeito sistema, adaptam-se ao ensino e aprendizagem aprofundada de nível superior; os outros, cada vez em maior número, percebem a ausência de competências, conhecimentos e hábitos de trabalho (em suma: de uma atitude esclarecida e positiva perante o saber!) e esbarram traumaticamente consigo próprios, com os encarregados pela sua educação, com o sistema... que os abandonou à ideologia inconsciente do laissez-faire, laissez-passer!
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Tudo isto, para além do mais, nos deveria fazer pensar que a educação é algo demasiado sério para que não seja, inevitavelmente, levada a sério!

Da quantidade e qualidade da blogosfera

Segundo o website Technorati, são criados 50.000 blogues por dia. Claro que muitos são excluídos desta contagem como spam e continua a decrescer o número daqueles que são actualizados diariamente. A actualização diária é uma tirania da rede, que “obriga” os mais afoitos a produzir diariamente conteúdos, para manter/aumentar o interesse das visitas. Muito desse material é, no entanto, de qualidade altamente duvidosa, quer quanto aos conteúdos, quer quanto à sua forma, com exercícios de escrita (no caso, por exemplo, da língua portuguesa) por vezes deploráveis. A maioria dos blogues criados fica até sem uso após a sua criação. Segundo dados do final de 2008, apenas 10% de um número estimado de 75 milhões de blogues em todo o mundo foram actualizados nos últimos 3 meses do ano. Este facto só prova que quando a motivação é criar conteúdos com alguma qualidade, e não apenas fazer simplesmente actualizações, e a disponibilidade apenas permite uma utilização da comunicação de opinião e pensamento em rede mais espaçada, a qualidade aumenta, mesmo que à custa de uma diminuição, aliás, consequente, da quantidade.

No entanto, a democratização da emissão de opinião e sua partilha em rede pressupõe, por um lado, uma multifacetada quantidade de conteúdos disponibilizados, cuja qualidade não é, obviamente, igual. Por outro lado, essa democratização da rede faz com que, apesar de tudo, a sobrevivência comunicacional de um sítio de partilha de opinião, informação, intimidades ou simples curiosidades vá sendo ditada automaticamente pelo mundo de utilizadores, que vão fazendo a selecção daqueles blogues com os quais interessa gastar o precioso tempo de quem deseja manter-se vivo, desperto e, portanto, livre.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Vícios privados... públicas virtudes?!

A vida privada de um estadista num regime democrático torna-se pública quando se mescla e se envolve na vida pública do país que governa, o que para tal não é preciso muito. Silvio Berlusconi é suficientemente arrogante e excêntrico para ter um desprendimento ético e uma ignorância liberal à medida da opulência e da ultrapassagem de limítes políticos democraticamente delimitados.
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A "berluscolândia" faz, infelizmente, lembrar os velhos e trágicos tempos da ditadura, em que as virtudes publicamente encenadas escondiam a pérfida vida privada dos estadistas, à custa da ignorância e pobreza do povo manipulado.
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Em democracia, pelo menos a ignorância não é generalizada... só a opulência consentida e (bem) paga pelo cidadão!

Contra ventos e marés... a verdade!

Contra todas as expectativas, sondagens e menosprezos mais ou menos incautos de alguns media e políticos intra e extra muros, o PSD de Manuela Ferreira Leite ganhou as eleições para o Parlamento Europeu. O PS de José Sócrates perdeu, num acto eleitoral que, ao contrário do que o líder quiz fazer supor, foi conduzido com os olhos postos nos assuntos nacionais, que não deixam de ser também europeus, e na governação. O país deu um sinal de contestação às políticas socialistas e cresce, agora sem margem para dúvidas, uma alternativa de governo expressa pelo voto real dos portugueses.
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Um pouco por toda a Europa, os governos liderados por partidos socialistas foram penalizados. Paulo Rangel tem razão: os europeus, apesar da crise económica e financeira global, não querem ser governados por governos socialistas.
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O liberalismo não está morto, necessita apenas de melhor regulação. O socialismo continua(rá) a ser uma utopia "perigosa" para a sociedade, cujos erros do passado a Europa não esquecerá tão cedo.
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Os temas mais caracterítica e profundamente europeus não foram, mais uma vez, devidamente tratados nesta campanha eleitoral. Tanto pior e por duas razões: a causa principal é a urgência da discussão dos problemas nacionais, que naturalmente se sobrepõem aos europeus e, por outro lado, a titubeante afirmação democrática das instituições europeias também não tem dado oportunidades de efectiva participação democrática responsável.
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Tanto para a credibilização da importância da acção política ao nível nacional como europeu, é necessário mais esclarecimento dos cidadãos, num estilo político de informação, humildade e verdade, não de manipulação, arrogância e propaganda.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

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Dar a pensar
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«A política deve adaptar-se ao real: o realismo salienta essa necessária adaptação. A política deve estar ao serviço de um ideial: o idealismo acentua a necessidade de realizar o ideal. Uma vez que no encontro do ideal com o real, um deles tende a excluir o outro, será possível combiná-los? Não faltam as declarações indicando que devemos ir para o ideal tendo em conta o real. O mito do progresso garantia-nos mesmo que a história ia no sentido do ideal e o mito marxista indicava-nos que as leis da história conduziam à emancipação da humanidade. Sabemos agora que, infelizmente, o progresso não é automático, mas problemático, e que a emancipação da humanidade, por falta de leis do devir histórico, não está inscrita no futuro.
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O problema da relação entre realpolitik e idealpolitik e o da possibilidade da sua combinação continuam em aberto.»
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Edgar Morin, "Da incerteza democrática à ética política" in Edgar Morin e Samir Naïr, Uma Política de Civilização, trad. port. Armando Pereira da Silva (Lisboa: Inst. Piaget, 1997) 185.