quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Educação liberal... com futuro!

E. O. Wilson, professor ao longo de quatro décadas em Harvard, defende, numa obra recentemente traduzida para português e editada pela Gradiva, uma educação liberal, hoje, mas com destino ao futuro!

Trata-se de uma enunciação daquilo que a sua experiência, estudo, meditação e espírito crítico lhe renderam em termos de princípios fundamentais do ensino – no seu caso, da Biologia, mas que se aplicam, em geral, a muitas outras áreas do saber.

Aperitivos:

«Ensinar top-down (do geral para o particular). Se aprendi alguma coisa em quatro décadas de experiência, é que a melhor forma de transmitir conhecimentos e de estimular o raciocínio é ensinar cada assunto do geral para o específico. Abordar uma questão genérica, à partida interessante para os estudantes e relevante para as suas vidas, depois descascar camadas de causalidade, de acordo com o conhecimento corrente e com detalhe técnico e argumentação filosófica crescentes, para ensinar e provocar. Explicar, por exemplo, o envelhecimento e a morte o melhor possível com o conhecimento adquirido pela evolução, pela genética e pela fisiologia e depois explorar as consequências para a demografia, as políticas públicas e a filosofia.»

«Centrar-se na resolução de problemas. Se a abordagem do geral para o particular funcionar, e funciona, e dada, além disso, a convergência e fusão de disciplinas, a melhor forma de abordar a educação geral no futuro seria ser menos orientada para as disciplinas e mais orientada para problemas.»

«Ir fundo e longe. Ao chegar ao segundo ano, todos os alunos do ensino superior deveriam ter começado a pensar estrategicamente sobre a sua própria educação. O melhor padrão a seguir tem a forma de um T. O eixo vertical representa o aprofundamento numa especialidade e a barra horizontal a variedade de experiências obtidas a partir de uma educação liberal. A especialização serve para um ofício ou como preparação para os estudos de pós-graduação. As artes liberais contribuem para a flexibilidade e a maturidade do intelecto.»


E, at last but not least,

«Dedicar-se. Voltando à paixão como motor da aprendizagem, a dedicação de um professor é mais eficaz quando manifestada tanto na arte de ensinar como na demonstração de amor pelo objecto em si mesmo. Os estudantes do secundário e do ensino superior procuram a sua identidade pessoal, mas anseiam também por uma causa maior do que eles próprios. De alguma forma, alcançarão ambas. estas marcas de maturidade, a um nível rudimentar ou elevado. De caminho, precisam de mentores em quem possam acreditar, heróis para emular e façanhas que sejam reais e que perdurem.» (Via filedu.)


Uma pequena pérola da pedagogia crítica, arreigada em experiência e… resultados: Wilson foi galardoado, algumas vezes, como melhor professor em Harvard… e os seus mais implacáveis juízes – os sempre críticos alunos – atribuíram-lhe sempre avaliações muito positivas!
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Afinal, até há receita! Falta, muitas vezes, verdadeira e genuína vontade de cozinhar.

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