sábado, 5 de janeiro de 2008

Manuais que não fazem aprender!

Um estudo de fundo sobre a qualidade de 12 manuais escolares de Língua Portuguesa do 4.º ano de escolaridade, realizado por Maria Regina Rocha, professora da Escola Secundária José Falcão Coimbra, vertido na sua dissertação de mestrado, apresenta conclusões preocupantes, embora não surpreendentes:
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1. escassez de propostas de actividades que levem os alunos a interpretar os textos e a identificar informação que não seja explícita;
2. um número limitado de textos presentes nos manuais;
3. a pouca diversidade de géneros literários;
4. textos originais mal adaptados e sem referências à fonte;
5. e a inexistência de um corpo de autores de referência a ser indicado pelo Ministério da Educação.
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Portanto, conclui o estudo, a maioria destes manuais, adoptados em 94% das escolas portuguesas, não contribui para que os alunos compreendam o que lêem, constituindo este factor «uma das principais razões para o mau posicionamento do nosso país nos índices internacionais de competências literárias na leitura».
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É perfeitamente compreensível que estes manuais não criem quaisquer hábitos nem competências de leitura nas crianças, o que, num nível de escolarização básico, pode inviabilizar ou atrasar a aprendizagem dessas competências e hábitos fundacionais e determinantes para o seu futuro escolar.
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Revelam como o empenho de alguns autores (e editoras?!) de manuais escolares não é satisfatório e colocam em questão as suas próprias competências científico-pedagógicas. Mas o mais importante é não escamotear o essencial: trata-se uma grave falha de fundo, uma falha técnica -- consequência da orientação filosófico-educativa inspirado no paradigma romântico e construtivista ingénuo -- do ME na preparação e elaboração dos programas e, em suma, de uma falha das políticas socialistas permissivistas e ineficazes do governo em matéria tão importante como é a educação e, em particular, a aprendizagem de competências básicas de literacia da língua e da leitura.
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Numa fase fulcral da vida do país, continuamos a marcar passo!

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