No seu editorial de Domingo, o sr. Director do JN, José Leite Pereira, resume facilmente (ao contrário de outros, mais complicados!) o mega-protesto dos professores: são uns “merendeiros”, cegos militantes (todos comunistas!) a reboque dos sindicatos; ao contrário da seriedade (impoluta!) da Ministra são uns “terroristas”, que a propósito do processo de avaliação querem «rebentá-lo desde já» (vocabulário objectivamente irrepreensível!); refractários cega e injustamente ciosos dos seus principescos privilégios (boa comparação com os militares!); e, a rematar, os avaliados são todos uns invejosos, pois gostariam é de estar na pele dos avaliadores (que estão todos muito satisfeitos, portanto)… e por isto é que não querem esta avaliação (e só se manifestaram contra a avaliação, claro)!
Ora, o sr. Director (de um jornal centenário de proa), ao invés de fazer uma análise crítica aprofundada e substancial, respigou o acessório; ao invés de uma análise serena e sensata, atolou-se no ressentimento, no lugar-comum e no estereótipo emocionalmente reconfortante e comercialmente mais seguro (é o melhor, diante de tão complexa matéria e assim não se faz pensar!); ao invés da análise crítica racional, escolheu o estilo apologético (defendam o governo, bem precisa!)
O mais importante é que a seriedade (da politicamente competente ministra, que contrasta com a falta de escrúpulos dos viciosos professores!) se resume e define – não pela frontalidade da verdade, não pela humildade da humana finitude errónea, não pela abertura ao diálogo cooperante em busca do melhor, não pelo conhecimento de causa, nem tão pouco pela prioridade do serviço público em detrimento do teimoso protagonismo político pessoal ou partidário – se resume e define, pois, pela experimentação pedagógica, que aqueles que sabem, sabem que colocará, mais uma vez, em questão a estabilidade das escolas, será mais um contributo para a consolidação do falseamento dos resultados das aprendizagens e, portanto, prosseguirá a degradação das condições de ensino-aprendizagem de milhares de crianças e jovens, que, não podendo frequentar o “colégio americano”, têm que continuar presos nas catacumbas cor-de-rosa da escola virtual de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues!
Com “gente” assim (120.000!) por essas escolas fora é melhor o sr. Director retirar já os seus filhos (ou netos) das escolas públicas (ou será que já lá não estão?!) e mantê-los fechados em casa com os seus “Magalhães” e outros gadgets socráticos salvíficos a ouvir, em fundo, a voz conscienciosa do Grande Irmão trazida pelos mais bem avaliados jornalistas do reino: “eu sou um humilde ignorante ao teu serviço”!
P.S.: Por favor, sr. Director, não publique esta carta, não vá o leitor compreender e analisar critica e livremente o que aqui se escreveu!
Ora, o sr. Director (de um jornal centenário de proa), ao invés de fazer uma análise crítica aprofundada e substancial, respigou o acessório; ao invés de uma análise serena e sensata, atolou-se no ressentimento, no lugar-comum e no estereótipo emocionalmente reconfortante e comercialmente mais seguro (é o melhor, diante de tão complexa matéria e assim não se faz pensar!); ao invés da análise crítica racional, escolheu o estilo apologético (defendam o governo, bem precisa!)
O mais importante é que a seriedade (da politicamente competente ministra, que contrasta com a falta de escrúpulos dos viciosos professores!) se resume e define – não pela frontalidade da verdade, não pela humildade da humana finitude errónea, não pela abertura ao diálogo cooperante em busca do melhor, não pelo conhecimento de causa, nem tão pouco pela prioridade do serviço público em detrimento do teimoso protagonismo político pessoal ou partidário – se resume e define, pois, pela experimentação pedagógica, que aqueles que sabem, sabem que colocará, mais uma vez, em questão a estabilidade das escolas, será mais um contributo para a consolidação do falseamento dos resultados das aprendizagens e, portanto, prosseguirá a degradação das condições de ensino-aprendizagem de milhares de crianças e jovens, que, não podendo frequentar o “colégio americano”, têm que continuar presos nas catacumbas cor-de-rosa da escola virtual de Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues!
Com “gente” assim (120.000!) por essas escolas fora é melhor o sr. Director retirar já os seus filhos (ou netos) das escolas públicas (ou será que já lá não estão?!) e mantê-los fechados em casa com os seus “Magalhães” e outros gadgets socráticos salvíficos a ouvir, em fundo, a voz conscienciosa do Grande Irmão trazida pelos mais bem avaliados jornalistas do reino: “eu sou um humilde ignorante ao teu serviço”!
P.S.: Por favor, sr. Director, não publique esta carta, não vá o leitor compreender e analisar critica e livremente o que aqui se escreveu!
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("Carta" enviada ao Jornal de Notícias, a propósito do editorial da edição de Domingo, 9-11-2008)
("Carta" enviada ao Jornal de Notícias, a propósito do editorial da edição de Domingo, 9-11-2008)
3 comentários:
O quinto canal é uma grande jogada...feita no tempo certo. Será atribuído em 2009,creio...
Entretanto estes senhores da comunicação social andam a comportar-se muito bem. Coincidências?
Manoel
Entretanto há quem diga as coisas de outro modo.
Ouçamos as palavras de Fernando Alves, aqui:
http://tsf.sapo.pt/Programas/Programa.aspx?content_id=903681
Manoel
1. Não me perturba a militância, que até sou capaz de compreender. Não me é tão fácil de suportar o discurso estereotipado, refractário a uma análise menos superficial e que vá mais além do emocionalmente confortável.
2. É sempre agradável ouvir, num tom suave mas não menos acutilante, ...a verdade! Estes "sinais" de Fernando Alves são, de facto, abissais, na sua mansa contundência...
Obrigado Manoel.
Abraço!
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