sábado, 8 de março de 2008

Apelo

Uma manifestação é uma forma de protesto/indignação, que espelha a liberdade política consagrada constitucionalmente e, portanto, constitutiva de uma organização democrática do poder político – é, em suma, uma das múltiplas formas de democracia participativa. Se as decisões não se tomam pela rua, a rua não deixa de ser um dos locais genuínos, porque públicos, de manifestação contra determinadas decisões. A sua leitura política deve ser feita conforme as circunstâncias sociais e políticas de modo ponderado, sereno e sempre com espírito de serviço público e sentido de estado.

Mas tal forma – democraticamente legítima – de protesto político é sempre orientada por emoções, quando o que está sempre em questão são razões. É por isso, não só que a manifestação de rua não é o único instrumento de participação crítica democrática demonstradora de indignação, como leva também consigo alguns “perigos” essenciais, designadamente de carácter comunicacional.

A grande manifestação de professores que se realizará amanhã tem como objectivo mostrar a profunda, legítima e fundada indignação de milhares de professores acerca das (muitas e desde há muito) más políticas educativas, que, embora travestidas de “soluções”, têm engrossado o problema do verdadeiro desenvolvimento do nosso sistema educativo e que agora parecem ter a sua parusia final.

Mas porque é de elevada monta o que está sob protesto, requer-se uma postura cuidada. Como professor, profundamente interessado e não menos preocupado com os aspectos negativos das reformas em curso e consciente daqueles “perigos”, gostaria de deixar aqui algumas sugestões sob a forma de forte apelo a todos os colegas manifestantes:

- sintam com emoção a nossa missão, mas conduzam-na com inteligência;
- sejam objectivos na manifestação, mas polidos na postura;
- sejam incisivos, mas serenos;
- sejam apaixonados, mas sábios;
- sejam verdadeiros, mas convincentes;
- lutem, mas com ideias;

Pela educação da verdade!

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