Compreende-se que as autoridades policiais procurem recolher dados sobre o número de professores que se possam vir a manifestar amanhã, dada a dimensão prevista e dadas as consequentes medidas de segurança e reorganização a tomar.
Não se compreende a forma como se tentaram obter tais informações: polícias à paisana, deslocando-se pessoalmente às escolas e, grotesco horrendus, solicitando a identificação de professores que iriam amanhã manifestar-se em Lisboa!
Pesa ainda neste acto abstruso de inaudita actuação de um Estado democrático, o facto de ter já ocorrido o mesmo erro antes. Com uma pequena correcção: a não ser outra coisa, tratou-se não de um erro (errare humanun est!), mas de uma grosseira falha técnica -- e falhar tecnicamente é incompetência.
É, assim, completamente inadmissível tal procedimento "pidesco" (como já alguém se lhe referiu!) e exige-se o apuramento imediato e cabal de responsabilidades políticas da tutela (espreite-se o que escreveu hoje a propósito Manuel Alegre!). E, caso habitássemos um país moderno, com seguros pilares éticos a sustentar a sua organização social e política, haveria lugar a um pedido oficial de desculpas aos professores em causa e à classe em geral, que, indirectamente, foi mais uma vez alvo, de forma completamente gratuita, de um simiesco atentado à sua integridade e dignidade profissional e pessoal.
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