Uma falácia é, não apenas um mau argumento, mas um mau argumento que parece, ilusoriamente, bom. Há várias. Uma das mais comuns no discurso político é a que os lógicos latinos imortalizaram como Ad Baculum (de "bastão" ou "pau"), que em bom vernáculo se conhece como "apelo ao medo". Todo o argumento que, ao invés de oferecer boas razões para aceitar determinada tese, se limita a fazer ameaças é um mau argumento, pois a intenção é manipular, através das emoções e sentimentos. Convencer os outros a mudar de ideias, oferecendo-lhes razões, apelando à sua inteligência e respeitando a sua liberdade de aderir a elas ou de as recusar é uma boa prática argumentativa, da qual resulta a persuasão racional. Já recorrer a modos irracionais de persuadir, recorrendo a subterfúgios argumentativos (como são as falácias) que impedem as pessoas de pensar, apelando às suas emoções ou a motivos é altamente reprovável, pois ao invés de abrir o debate, tal estratégia sofística fecha-o; ao invés de procurar a verdade, limita-se à básica, quase simiesca, vitória no debate.
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A propósito da votação da próxima sexta-feira do projecto de lei do CDS, para suspender a avaliação de desempenho docente, e em plena tentativa desesperada do PS para arregimentar cabeças que não faltem à votação, Augusto Santos Silva recusou-se a admitir que o Governo esteja a dramatizar tal votação, mas lá foi arguindo que o executivo considera a avaliação dos professores «uma reforma emblemática» e uma «questão crítica» para o cumprimento do programa do Governo. E prossegue com o "apelo ao medo" (aliás, já costumeiro nas hostes socialistas):
.«Caso o Governo não tivesse condições para prosseguir com a avaliação dos professores, também não teria condições para prosseguir com um dos eixos fundamentais da sua agenda reformista. Mas não antecipo nada para sexta-feira que não seja o Parlamento continuar a acompanhar o Governo nesta reforma que para nós é decisiva».
.Quando não há boas razões... assustam-se os "paus mandados", isto é, aqueles que nobre e autonomamente servem os interesses superiores da República, independentemente do lugar em que se sentem na Casa da Democracia representativa! O "contrato" que fizeram, ao serem eleitos, foi com o PS, não com os eleitores! Portanto, respeitinho...! Claro que fica sempre bem dizer que o PS é um partido pluralista, onde cabem todos as opiniões e, sobretudo, a livre-opinião.
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Sim, senhor Augusto Santos Silva, recebido! Esteja descansado! Sem pestanejar!
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