Jacques-Louis David "A Morte de Sócrates" (1787)
Apesar de injustamente condenado à morte, acusado de corromper a juventude ateniense, Sócrates rejeitou o plano de fuga trazido por Críton e outros fieis amigos na última visita ao cárcere, na véspera de beber a cicuta. Argumentou, entre outros e para desalento dos seus amigos, que tendo sido uma decisão do soberano Tribunal da cidade de Atenas, ele, como mero cidadão, tinha o dever ético de cumprir superior decisão, até porque “é melhor sofrer uma injustiça do que praticá-la”. O bom cidadão é aquele que, acima de tudo, obedece às leis do Estado.
E se Sócrates tivesse fugido? Toda a história do Ocidente teria sido empobrecedoramente outra, já que a vida boa, defendida dramática e paradigmaticamente por Sócrates, é aquela que é vivida em busca e prática do bem e da justiça, ou seja, aquela que é vivida com base em princípios éticos libertadores do mero interesse, que corrompe o pensamento e a acção e nos afasta da humanidade, que há em nós como possibilidade.
Por muito discutível que seja a posição socrática, o que é certo é que a sua exemplar obediência a princípios universais em detrimento de interesses pessoais, a sua verticalidade, sentido de justiça e impoluta acção são – e não me refiro ao seu extremismo –, desafortunadamente, virtudes raras entre o comum dos mortais, tanto de ontem como de hoje. E, pior, quando se trata de homens públicos – de quem, legitimamente, mais se esperariam tais virtualidades – o que o povo, que ignora o valor da vida boa, parece gostar é dos que… “fogem para o Brasil” e depois regressam, triunfantes na sua vitimização arquitectada para/pelos média, para ganhar eleições. Cúmulo é que até os haverá que nem precisarão de fugir!
E se Sócrates tivesse fugido? Toda a história do Ocidente teria sido empobrecedoramente outra, já que a vida boa, defendida dramática e paradigmaticamente por Sócrates, é aquela que é vivida em busca e prática do bem e da justiça, ou seja, aquela que é vivida com base em princípios éticos libertadores do mero interesse, que corrompe o pensamento e a acção e nos afasta da humanidade, que há em nós como possibilidade.
Por muito discutível que seja a posição socrática, o que é certo é que a sua exemplar obediência a princípios universais em detrimento de interesses pessoais, a sua verticalidade, sentido de justiça e impoluta acção são – e não me refiro ao seu extremismo –, desafortunadamente, virtudes raras entre o comum dos mortais, tanto de ontem como de hoje. E, pior, quando se trata de homens públicos – de quem, legitimamente, mais se esperariam tais virtualidades – o que o povo, que ignora o valor da vida boa, parece gostar é dos que… “fogem para o Brasil” e depois regressam, triunfantes na sua vitimização arquitectada para/pelos média, para ganhar eleições. Cúmulo é que até os haverá que nem precisarão de fugir!
2 comentários:
Ahah... Muito boa esta crónica, gostei bastante!
Tambem gostei muito! Boa crónica.
Mas e se Sócrates tivesse fugido, talvez tivesse tido tempo para pensar em muitos problemas e quem sabe resolver alguns, o que não seria mau de todo. Mesmo assim, é de louvar a sua coragem e Ética.
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